Bolsonaro fez militares perderem um terço da popularidade
Foto: Isac Nóbrega/PR
A confiança da população nas Forças Armadas teve queda significativa desde o ano passado, segundo pesquisa da Quaest divulgada nesta segunda-feira, 21. O levantamento mostra que, entre dezembro de 2022 e agosto de 2023, passou de 43% para 33% o número de pessoas que dizem “confiar muito” nos militares. O percentual dos que disseram “confiar pouco” na instituição subiu de 35% para 41% neste período e o dos que dizem não confiar subiu de 18% para 23%. A redução de confiança foi maior entre os bolsonaristas. Segundo a Quaest, a taxa de eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro que dizem “confiar muito” nos militares caiu de 61% em outubro de 2022 para 40% neste mês. O índice dos que afirmam confiar pouco subiu de 31% para 38%, enquanto os que dizem não confiar passaram de 7% para 20%. Para o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest, o movimento “sugere algum tipo de frustração sobre alguma expectativa que havia entre esse segmento”. A fé dos brasileiros nas Forças Armadas diminuiu entre todas as idades, sexos, níveis de escolaridade e regiões do país. A pesquisa também fez um recorte por religião. Entre os evangélicos, a confiança nos militares caiu de 53% para 37% desde dezembro. Para os católicos, foi de 44% para 35%. A queda na confiança nos militares ocorre no momento em que oficiais graduados, como o tenente-coronel Mauro Cesar Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e seu pai, o general Mauro Lourena Cid, estão na mira de investigações da Polícia Federal em razão do envolvimento no escândalo das joias recebidas pelo então presidente em viagens oficiais. O mau momento vivido pelas Forças Armadas também inclui suspeitas sobre o seu envolvimento em conspirações golpistas. Na semana passada, o hacker Walter Delgatti Neto disse à CPMI do 8 de Janeiro e à PF que esteve no Ministério da Defesa conversando com militares — incluindo o ministro Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira — sobre como mostrar vulnerabilidades nas urnas eletrônicas, como forma de desacreditar o resultado da eleição presidencial. A Quaest entrevistou 2.029 pessoas presencialmente entre os dias 10 e 14 de agosto. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.