Coreia do Norte se diz “preparada para guerra”
Foto: KCNA VIA KNS/AFP
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, demitiu seu principal general em meio a uma mudança na liderança militar do país nesta quinta-feira, 10, e orientou seu exército a “se preparar para uma guerra”. A mudança pode ter ocorrido para Kim evitar que alguma autoridade tenha mais poder que ele. De acordo com a agência de notícias estatal KCNA, o general Pak Su Il foi demitido do cargo de chefe do Estado-Maior. Em seu lugar, o líder norte-coreano nomeou o vice-marechal Ri Yong Gil. Ri assumira o cargo de número 2 na hierarquia militar norte-coreana no dia 31 de dezembro. Powered By Video Player is loading. PauseUnmute Loaded: 0% Fullscreen Outros “comandantes importantes” também foram demitidos, transferidos ou nomeados durante uma reunião da Comissão Militar Central na quarta-feira 9, de acordo com a KCNA. A Coreia do Norte renova regularmente sua liderança militar, sendo que alguns líderes reaparecem posteriormente em diferentes posições militares, enquanto outros desaparecem da vida pública. Ri é membro antigo da elite militar da Coreia do Norte. Antes de chegar ao topo, passou por altos e baixos na carreira: sete anos atrás, havia rumores de que ele havia sido executado após uma reorganização do gabinete de Kim.
Analistas acreditam que a mudança recente pode ser uma medida para que ninguém abaixo do ditador norte-coreano se torne muito poderoso, e ocorre depois que, na Rússia, o importante comandante paramilitar Yevgeny Prigozhin organizou uma revolta contra o líder do país, Vladimir Putin.
A reformulação da liderança militar foi mencionada apenas no final da reportagem da KCNA. O documento se concentrou mais no que disse ser a “questão importante de tornar o exército mais bem preparado para uma guerra, dada a grave situação política e militar na península coreana”. Embora a Coreia do Sul e os Estados Unidos não tenham sido citados nominalmente, o principal objetivo da reunião norte-coreana foi “fazer os preparativos completos para a guerra”, informou a KCNA. A reportagem afirmou que a reunião “analisou os movimentos militares dos principais culpados pela deterioração da situação” na região, em referência indireta a Seul e Washington. “A situação atual, na qual as forças hostis estão ficando cada vez mais indisfarçáveis em seu confronto militar imprudente com a República Popular Democrática da Coreia [nome oficial da Coreia do Norte] exige que o exército desta última tenha uma vontade mais positiva, proativa e avassaladora e uma prontidão militar completa e perfeita para uma guerra”, disse o governo. A Coreia do Norte intensificou sua retórica militar recentemente, ameaçando derrubar aviões de reconhecimento dos Estados Unidos e punir Washington por enviar um submarino americano com capacidade nuclear a Seul. Pyongyang também exibiu avanços na tecnologia de mísseis, testando no mês passado o que disse ser o míssil balístico intercontinental (ICBM) Hwasong-18, com capacidade para atingir os Estados Unidos.
Na última reunião, Kim assinou ordens para exercícios de guerra envolvendo as mais novas armas do país. Ele também visitou fábricas de armas e munições e deu “orientações importantes” sobre “capacitação para a produção em série de novas munições”. Em meio à tensão na península, a Coreia do Sul anunciou este mês que realizará um exercício nacional de defesa civil, marcado para 23 de agosto. É esperado que a maioria dos 51 milhões de residentes do país pratique a fuga para abrigos ou espaços seguros subterrâneos durante o treino de 20 minutos, que Seul diz ser uma resposta às “provocações” de Pyongyang.