Cúpula da PM achava que ia ter golpe

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Foto: Mateus Bonomi/AGIF

A PGR (Procuradoria-Geral da República) afirma que a cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal estava “contaminada ideologicamente” e que apostava em uma insurgência popular para que Jair Bolsonaro (PL) fosse mantido no poder.

As afirmações estão no pedido da PGR para prisão de integrantes da cúpula da PM do DF, entre eles o atual comandante Klepter Rosa Gonçalves.

Também são alvos de mandado de prisão o ex-comandante Fabio Vieira, além de Paulo José Ferreira Sousa Bezerra, Marcelo Casimiro Rodrigues e Rafael Pereira Martins.

Além das diligências, outros integrantes da cúpula da PM à época do 8 de janeiro foram denunciados pela PGR sob suspeita de omissão no dia dos ataques aos prédios dos três Poderes.

Segundo a PGR, a investigação constatou que integrantes do comando da PM se mostraram adeptos “de teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais e de teorias golpistas”.

Como exemplo, a Procuradoria elenca mensagens trocadas entre os policiais no período eleitoral. Nelas, os integrantes da cúpula da PM disseminaram notícias falsas, com viés golpista e, também, teses conspiratórias sobre fraudes em urnas eletrônicas.

“Contextualize-se que as desinformações que circulavam entre o alto oficialato da PMDF demonstravam expectativa de mobilização popular para garantir Bolsonaro no poder, em desrespeito ao resultado das eleições presidenciais”, diz a PGR.

Um dos conteúdos citados pelos investigadores é um vídeo sobre suposta fraude nas urnas enviado por Rodrigues ao então comandante da PM Fabio Vieira.

Mesmo se tratando de notícia falsa, Vieira afirma que “a cobra” iria “fumar”.

Em 1 de novembro, Rodrigues envia outra mensagem para Vieira com um quadro sobre alternativas para sucessão presidencial. Entre as apontadas estão a aplicação do art. 142 da Constituição Federal, uma intervenção militar e uma intervenção federal por iniciativa militar.

Dias depois, em 6 de novembro, os dois PMs conversam novamente sobre um vídeo em que uma pessoa fala da entrega do “relatório final das eleições” e suposto pedido de anulação do pleito.

Vieira, diz a PGR, teria respondido que “assim não vai passar” e pontuou na mensagem que os órgãos eleitorais tiveram o “descaramento de fraudar que em uma urna um candidato somente tenha recebido zero votos”.

“Do comentário derradeiro de Fabio Augusto Vieira extrai-se a conclusão de que os interlocutores trocavam as mensagens por serem adeptos de teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais, ansiando por providências que pudessem levar à subversão do resultado das urnas”, diz a PGR.

De acordo com a Procuradoria, o “estado anímico” dos policiais militares “refletia os anseios de uma parcela minoritária da população brasileira.”

Igualmente insatisfeitos com o resultado da eleição presidencial, milhares de indivíduos se juntaram aos acampamentos instalados em frente aos quartéis do Exército Brasileiro, em diversas unidades da Federação e notadamente em Brasília. Tais sujeitos insuflavam as Forças Armadas à tomada do poder.

Folha