Governador do MS cobra Lula por ações do MST
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Governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB) diz que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva não pode ser condescendente com a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e deve adotar uma posição clara contra as invasões. Em entrevista ao GLOBO feita na sede da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) em São Paulo, onde promoveu o “MS Day”, evento para atrair novos investidores ao seu estado, Riedel reconhece a busca do governo por uma aproximação com o agronegócio e defende que o PSDB faça no Congresso uma oposição “responsável” ao PT.
Os acenos de Lula ao agro mudaram a visão do setor sobre ele?
O Plano Safra veio em um volume significativo e num momento importante do agro, que precisa de competitividade de infraestrutura. E o anúncio do PAC pode ser extremamente relevante nesse sentido. O governo tem olhado para os programas de investimento em máquinas, equipamentos e armazenagem. É difícil um governo se afastar dessa agenda de dar competitividade ao setor. E eu acredito que o presidente terá essa sensibilidade.
Como ficou a relação do governo Lula com o agro?
Há uma busca por aproximação. Vejo com clareza.
Mas não conquistou ainda?
Vejo que tem um espaço.
O que falta para o presidente ser bem recebido pelo setor?
Há algumas agendas que são importantes. A agenda de armas e a de invasão de propriedade são extremamente sensíveis a agro. Qual setor da economia permite esse tipo de atuação? Invadir uma propriedade privada, acabar com o patrimônio… O governo não pode ser condescendente com esse tipo de atuação.
Como o governo pode evitar novas invasões do MST?
Precisa ter posição muito clara de que não vai aceitar esse tipo de atitude, que não tem nada a ver com a reforma agrária. Falta uma firmeza para não deixar que o discurso ideológico contamine o propósito da política pública.
O PSDB se declara um partido de oposição no Congresso. Ele está desempenhando bem esse papel?
Eu não diria que de oposição. Ele está desempenhando a defesa da sua agenda. Se a agenda do governo federal é convergente com a que nós temos, por que fazer oposição? Se ela é divergente, é uma oposição responsável. Você sai desse negócio de “eu sou oposição ou situação”. Eu sou por uma agenda do Brasil. E governos de direita ou de esquerda, muitas vezes, assumem agendas que não têm bandeira, elas são necessárias, como foi a Reforma Tributária, por exemplo.
O PSDB tem que ser uma oposição responsável, então?
Tem que fazer oposição na hora que essa agenda não coincidir com a nossa visão e tem que bater palma na hora que a agenda (do governo) for positiva para o Brasil.
Tucanos têm criticado o Eduardo Leite pela falta de protagonismo do partido nas discussões nacionais. Ele precisa se posicionar mais?
Difícil falar e avaliar se ele tinha que se posicionar mais ou menos. Ele se posicionou sempre em relação à agenda que o PSDB defende.
O senhor é favorável à fusão do PSDB com outra sigla?
Acho um movimento importante, desde que esse grupo a ser federado ou fundido tenha lealdade aos seus princípios. Não pode ser uma fusão por fusão.
O senhor ficou conhecido na eleição como um candidato tucano bolsonarista. Segue apoiando o ex-presidente?
Há muitos atores políticos hoje no Brasil que não estão em nenhum extremo. Estão em uma agenda pelo Brasil. É isso que eu apoio. Na época (da eleição), eu tinha que fazer uma escolha.
Há alinhamento do governo Lula com a sua gestão?
Onde o governo Lula tiver uma política pública que se some, certamente, nós vamos ser parceiros.
O senhor se preocupa com a tramitação da Reforma Tributária no Senado?
Sim. Temos que trabalhar para deixar mais clara a questão do Conselho (Federativo). Como vai ser equacionado na sua gestão, qual será o peso da população, do PIB do estado. Temos que encontrar um equilíbrio para que não tenha predominância do interesse de região A sobre a região B.