Lira diz a Lula que ‘Sem centrão, seríamos Argentina’
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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defendeu o chamado centrão e sua participação nas discussões nas votações e, agora, também na formação do governo Lula.
Muitos falavam assim: ‘o deputado Arthur Lira é sustentáculo do governo Bolsonaro; é quem dá apoio.’ Mas qual era o ministério que a gente tinha no governo Bolsonaro: Qual espaço? Nunca prezei por isso. Muitas vezes que falam que Lira quer a saúde, o centrão quer aquilo. É importante dizer que, se o Brasil não tivesse centrão, seria uma Argentina.
Lira, em entrevista à rádio Mix FM, em Maceió
Sobre a participação do centrão no governo, ele afirma que ainda aguarda o presidente Lula tomar as decisões. “No tempo de vontade dele, o presidente vai fazer as indicações, ele é experiente e deverá apurar essa dificuldade.”
Lira, entretanto, disse que o governo Lula precisa refletir sobre as indicações, visto que ele não tem base política para vencer pautas de interesse ideológicos.
Ele alertou que, na composição inicial, faltaram indicações da Câmara e alfinetou as escolhas em grande número de senadores.
O ministério dele foi feito com base na PEC da transição, ele não balanceou Câmara e Senado: tem bastante Senado nos ministérios, e pouca Câmara. Tem partidos com 30 deputados que têm ministérios; tem partidos com 50 que não tem nenhum ministério. Se o critério do governo é acomodação de partidos na Esplanada, está desequilibrado.
Ao mesmo tempo, se disse contra o modelo político brasileiro.
Sou um político que defende que o Parlamento fique dentro das suas atribuições: que o Executivo execute, que o Legislativo legisle. Sou contra esse governo de coalização, sempre defendi o semipresidencialismo porque muitas vezes o Congresso vota matérias sem a responsabilidade de saber os impactos dela. Quando você participa das decisões da administração você vai forçar que sejam mas pensadas.
No atual contexto, o presidente da Câmara ainda alertou que a situação política do país “é difícil porque temos um governo presidencialista com uma constituição parlamentarista.”
Quando você elege um congresso conservador e liberal e elege um presidente liberal progressista de esquerda você entregou uma equação difícil de se armar a princípio. O governo quando se elegeu só tinha uma base de 130 parlamentares.
Mesmo com as diferenças, Lira ressaltou que tem feito uma gestão na Câmara de diálogo com todos e isso foi fundamental para aprovar temos complexos como a reforma triibutária. “A gente faz três reuniões por semana com todos os líderes”, disse.
Qualquer matéria que vai à votação passa por mastigação muito forte, as matérias têm votações expressivas por causa de muita conversa e diálogo.