Lira se esquiva de falar sobre escândalo em AL
Foto: Reprodução/TV Cultura
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), voltou a negar, nesta segunda-feira, envolvimento com um suposto esquema de desvio de dinheiro público na compra de kits de robótica por prefeituras de Alagoas.
Um dos investigados no esquema, Luciano Cavalcante, atua com a liderança do PP na Câmara e já trabalhou diretamente no gabinete de Lira. O deputado confirmou ter uma relação “de amizade” com Luciano, mas disse que não pode responder por eventuais atos irregulares que ele possa ter participado:
— Eu não posso responder por aliados, e não condeno ninguém. Esse assunto eu respondo pelo meu CPF. O Luciano vai responder por tudo que ele fez ou não fez. Luciano é meu amigo, mas eu não sou responsável pelo que meus amigos fazem. Tenham respeito e paciência pelo devido processo legal — disse Lira ao participar do programa “Roda Viva”, da TV Cultura.
Lira afirmou ainda que relacionar seu nome a anotações encontradas pela Polícia Federal com a inscrição “Arthur” ao lado de valores é uma “ilação”, fruto de vazamentos considerados ilegais pelo deputado. Também afirmou que seria “loucura” de sua parte se envolver em esquemas para a venda de emendas parlamentares para prefeituras:
— Eu tenho a minha vida aberta, tranquila, declarada.
No mês passado, a PF deflagrou operação contra um esquema de desvio de dinheiro em 46 prefeituras de Alagoas por meio da compra superfaturada de kits de robótica que teriam ocorrido entre 2019 e 2022. De acordo com os investigadores, os materiais teriam sido adquiridos com verba do orçamento secreto, beneficiando uma única empresa fornecedora, Megalic, que venceu uma série de licitações para essa atividade.
As investigações do caso foram suspensas no início do mês por decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendendo a pedido apresentado por Lira.
Lira também falou na entrevista que a relação entre o Palácio do Planalto e o Congresso “tem melhorado bastante”.
O deputado comentou especificamente a atuação do ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais. Disse que antes “as coisas não estavam andando, não estavam acontecendo”, mas que agora o cenário mudou. Ainda assim, Lira avaliou que o cargo ocupado por Padilha “tem prazo de validade”.
Sobre a possibilidade de o seu partido, o PP, vir a ganhar um ministério na Esplanada de Lula, o presidente da Câmara disse que as tratativas fazem parte do processo de “formação de um governo de coalizão”. A sigla é presidida por Ciro Nogueira, ex-ministro e um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, principal opositor ao atual governo:
— A conversa deve haver. O governo precisa facilitar o seu apoio político no plenário das Câmaras dos Deputados — declarou Lira.