Lula aponta “tipo de gente que derrotamos”

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Foto: AP Photo/Eraldo Peres

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (14) que “começa a aparecer o tipo de gente que nós derrotamos” na tentativa de golpe de 8 de janeiro, impulsionada por bolsonaristas com o apoio de setores militares. O comentário veio após a Policia Federal deflagrar uma operação para apurar a tentativa de venda ilegal de joias presenteadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro quando ainda estava no exercício do cargo. No entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU), esse tipo de presente pertence ao Estado e não à pessoa física do mandatário que os recebe. “Por isso é que nós derrubamos o golpe de 8 de janeiro, a tentativa frustrada dos golpistas deste país”, disse Lula em sua live semanal “Conversa com o Presidente”. “Agora está aparecendo o tipo de gente que é. Agora começa a aparecer o tipo de gente que nós derrotamos.” A operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) na sexta-feira colocou Jair Bolsonaro (PL) no centro do escândalo das joias e fez aumentar a expectativa de que, em breve, novas denúncias atinjam o ex-presidente.

Batizada de “Lucas 12:2”, a ação mirou a suposta atuação de Bolsonaro e seus principais auxiliares para vender, nos Estados Unidos, pelo menos quatro conjuntos de bens que recebeu de delegações estrangeiras durante o seu governo. Ainda na sexta-feira, após cumprir as diligências da operação, a PF pediu a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle. Os pedidos ainda precisam ser autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF). A PF considera a medida necessária para avançar nas investigações. Uma das linhas será verificar se os valores decorrentes da venda e da recompra das joias – que podem ter superado R$ 1 milhão – passaram pelas contas do ex-presidente. A suspeita é de que o lucro obtido a partir da comercialização dos objetos tenha sido convertido em dinheiro em espécie para ingressar no patrimônio pessoal de Bolsonaro. Também há expectativa do que será encontrado no material apreendido com o general Mauro Lourena Cid, um dos alvos da operação. Ele é pai de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que foi preso em maio, na esteira de uma investigação que mirou um esquema de falsificação de certificados de vacina contra a covid-19. Desde que deixou a Presidência, em janeiro, Bolsonaro tem sido alvo de diversas investigações e já prestou quatro depoimentos à PF, inclusive sobre o recebimento das joias de presente da Arábia Saudita, depois de o caso ser revelado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.

Valor Econômico