Lula atua para reduzir influência de Bolsonaro

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Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

Dos mais longevos políticos de Brasília, Renan Calheiros costuma dizer que “não se briga para baixo”. Segundo essa máxima, só é bom polemizar com adversários que ocupem o mesmo cargo eletivo ou, então, estejam num grau mais elevado de notabilidade. Lula tem passado longe de seguir essa linha em relação a Bolsonaro, mesmo após a vitória de 2022 e a condenação à inelegibilidade pelo TSE.

Há, contudo, uma estratégia por trás dos ataques. Lula avalia que Bolsonaro permanece forte politicamente. E que a “desconstrução” é necessária para enfraquecê-lo como cabo eleitoral nas eleições municipais do ano que vem.

Sem emplacar aliados nas principais prefeituras do país, a influência de Bolsonaro seria menor no pleito presidencial de 2026. Esse raciocínio explica por que Lula mantém as estocadas em seus discursos.

Nas redes, a postura do atual presidente em relação ao ex chega a ser questionada por internautas que lembram, ironicamente, o mote da campanha petista: “O amor venceu”. Secretário nacional de Comunicação do PT, Jilmar Tatto defende a postura de Lula.

“Bolsonaro está inelegível, mas continua forte. Tem base social e capital político para a eleição do ano que vem. Não dá para ignorar. Então é preciso continuar desconstruindo a política dele. Se ficar na moita, é como uma serpente que vai chocando o ovo. Temos que lembrar tudo o que fez. Deixar tudo à luz do dia”, avaliou Tatto.

“Já para as eleições de 2026, (a influência de Bolsonaro) vai depender muito do cenário econômico. Estamos no caminho certo, e a queda da taxa de juros reforça isso”, concluiu o dirigente petista.

Nesta semana, Bolsonaro decidiu ir ao STF contra Lula após o presidente dizer, em canal oficial do governo, que o ex-mandatário facilitou o acesso às armas para “agradar ao crime organizado”. A defesa do ex-presidente argumenta que Lula cometeu os crimes de calúnia, difamação e injúria. Depois disso, Bolsonaro chegou a chamar Lula de “jumento” em um evento político.

Em junho, Bolsonaro processou Lula na Justiça comum e pediu indenização por danos morais. Argumentou ser vítima de “difamações pessoais e ataques infundados” após o adversário sugerir que ele seria proprietário de uma mansão nos Estados Unidos.

O juiz Giordano Resende Costa, da 4ª Vara Cível de Brasília, não analisou o pedido. Entendeu que, como as falas de Lula ocorreram no exercício do cargo de presidente da República, em eventos públicos oficiais, a ação deveria ser apresentada contra a União.

Metrópoles