Prefeito de São Paulo aceita aliança com Bolsonaro em 2024
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A aproximação do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por causa das eleições de 2024 tem desagradado uma ala expressiva do primeiro escalão da Prefeitura paulistana.
Em conversas reservadas, alguns integrantes do secretariado do prefeito avaliam como “incompatíveis” as bandeiras radicais defendidas por Bolsonaro com a própria trajetória política de Nunes, que pertence ao chamado centro-democrático e foi eleito como vice do tucano Bruno Covas, morto em 2021.
Internamente, alguns deles já deixaram claro a auxiliares do prefeito que não irão comparecer a eventos que contem com a presença de Bolsonaro ou de grupos bolsonaristas.
Esses aliados avaliam, porém, que Nunes é um político de centro e, como candidato à reeleição, não pode se dar ao luxo de dispensar qualquer apoio, inclusive de Bolsonaro, diante de uma disputa que promete ser dura contra o deputado federal Guilherme Boulos (PSol), apoiado pelo PT.
O pragmatismo político virou resposta padrão entre os incomodados que não cogitam deixar o governo apesar do crescente flerte do prefeito com o bolsonarismo.
“É como a foto de Maluf e Haddad”, disse um dos secretários ouvidos pelo Metrópoles, referindo-se à famosa foto feita durante a campanha municipal de 2012 entre os ex-prefeito Paulo Maluf, ícone da direita paulista, e o ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT), candidato a prefeito da capital à época. O apoio foi costurado pelo agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Outro integrante do primeiro escalão afirmou, também sob reserva, que prefere ver Bolsonaro ao lado de Nunes do que estimulando uma candidatura da chamada direita radical, como o ex-ministro do Meio Ambiente e deputado federal Ricardo Salles (PL), que desistiu da disputa após ficar isolado no partido.
A aliados, Nunes tem justificado a aproximação a Bolsonaro como uma jogada estratégica para inviabilizar uma candidaura de direita que possa contar com o apoio do ex-presidente e lhe tirar votos.
Para um dos integrantes da equipe do emedebista, a atual composição do secretariado de Nunes é a maior prova de que Nunes é um político de centro e avesso ao radicalismo.
Entre os nomes mais alinhados à esquerda ou a pautas progressistas se destacam os seguintes secretários: Marta Suplicy (Relações Internacionais), Eunice Aparecida Prudente (Justiça), Soninha Francine (Direitos Humanos), Gilberto Natalini (Mudanças Climáticas), Edson Aparecido (Governo), Carlos Bezerra Junior (Assistência Social) e o presidente da SPNegócios, Aloysio Nunes Ferreira.
Por conta de alguns desses nomes, Nunes é tachado de “esquerdista” pelos bolsonaristas mais radicais.
A relação com Bolsonaro já foi discutida pelo prefeito com seu secretariado nas eleições passadas, quando ele decidiu apoiar a campanha à reeleição do ex-presidente contra Lula no segundo turno, junto com o apoio declarado ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Nunes foi aconselhado por alguns aliados a declarar apoio apenas a Tarcísio e ficar neutro na eleição presidencial. Mas o prefeito ressaltou que integrantes da sua equipe, como Marta e Aloysio, já tinham apoiado Lula ainda no primeiro turno e, por isso, ele tinha o direito de aderir abertamente à campanha de seu candidato.