Prisão de Bolsonaro vira “questão de tempo”

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Foto: SILVIO AVILA / AFP

O circo de Bolsonaro pegou fogo. Intimado pelas circunstâncias a exibir novas cartas, o capitão recorre a blefes. Consolida-se a percepção de que o cerco jurídico-policial coordenado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes carbonizou o baralho. Esgotaram-se as mágicas de Bolsonaro. Sua prisão passou a ser uma questão de tempo.

Em novo depoimento à Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid dirá que vendeu um Rolex da Presidência e entregou o dinheiro ao ex-chefe. Moraes quebrou os sigilos bancário e fiscal de Bolsonaro e de sua mulher Michelle. O hacker e estelionatário Walter Delgatti revelou à CPI do 8 de janeiro as encomendas golpistas feitas por Bolsonaro por telefone e na mesa de café da manhã do Alvorada.

Cercado, Bolsonaro recorreu ao trapezismo moral. “Eu não peguei dinheiro de ninguém. Minha marca é a honestidade e sempre será”, declarou, diante da informação de Cezar Bitencourt, novo advogado de Mauro Cid, de que o ex-ajudante de ordens confessará que cometeu crimes a mando do ex-chefe. Bolsonaro admitiu ter conversado com Delgatti no Alvorada. Reconheceu tê-lo enviado à pasta da Defesa. Mas alegou que há “fantasia” no depoimento do seu interlocutor.

Desde que foi retirado do Planalto pelas urnas, Bolsonaro cultiva a fantasia de que continuaria desfilando pela conjuntura como um invulnerável engolidor de espadas. Dizia que as ações no TSE dariam em nada. Deram em inelegibilidade. Imaginava que militares não virariam delatores. Mauro Cid vira réu confesso, o que dá no mesmo. Sustentava não ter nada a ver com o 8 de janeiro, pois estava na Flórida. Seu encontro com Delgatti colocou o golpismo na copa do Alvorada.

Cid e Delgatti atiram em Bolsonaro desde a prisão. Foram colocados lá por Alexandre de Moraes. Fugindo da pecha de novo Moro, Moraes não quer parecer piromaníaco. Por isso, trabalha por ora com a hipótese de prender Bolsonaro depois da sentença condenatória do Supremo. A cadeia virá antes se o capitão colocar o pé fora do Código Penal, pressionando testemunhas, destruindo provas ou subvertendo a ordem pública. Moraes e a Polícia Federal não têm pressa. Têm apenas perguntas e disposição para manter o cerco.

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