Programa “Desenrola” ajudou popularidade de Lula

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Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

Os pesquisadores da Quaest, que divulgou nesta quarta-feira um novo levantamento sobre o cenário nacional e o governo Lula, foram às ruas em meio a uma melhora do ambiente econômico influenciada por fatores como a queda dos juros, a aprovação da Reforma Tributária na Câmara e a elevação da nota de crédito do Brasil. A Quaest mostra que os brasileiros foram sensíveis à pauta econômica: para um terço, a economia melhorou nos últimos 12 meses, e 59% acreditam que vai continuar melhorando. Entre quem ganha até dois salários mínimos, o otimismo é maior: 66%.

A percepção de que o preço dos alimentos caiu no último ano era compartilhada por 28% dos entrevistados em junho. Dois meses depois, 36% enxergam queda nos preços. O percentual de brasileiros que dizem o contrário, que a comida ficou mais cara, caiu de 46% para 37%.

— A aprovação também aumentou porque Lula continua focado na agenda econômica, esquecendo a pauta de costumes e valores. Enquanto a economia continua dando sinais positivos, as pessoas debatem o preço do feijão, da carne e do óleo, o que traz bons resultados para o governo. É muito significativo ver o percentual de brasileiros que constatou diminuição no preço dos alimentos e o otimismo com a economia como um todo — avalia Felipe Nunes, diretor da Quaest.

O programa Desenrola, que renegocia dívidas dos brasileiros para recuperar o poder de consumo no país, é um dos destaques, com 70% de aprovação da população. O Plano Safra vai no mesmo sentido e soma o apoio de 79% dos entrevistados.

Já a Reforma Tributária não mostra ter tanto apelo, e 36% não souberam ou não quiseram opinar sobre a PEC. Como mostrou levantamento exclusivo do Instituto Travessia para o Pulso, quatro em cada dez brasileiros (38%) não sabiam da aprovação do texto uma semana depois que ele foi votado pelos deputados federais. A complexidade do assunto, que demanda um grau de instrução razoável, ajuda a explicar o resultado. Mesmo assim, segundo a Quaest, 37% aprovam a mudança no sistema de tributos do país.

— O governo vive um segundo momento. Se, no primeiro semestre, cuidou de manter sua base eleitoral satisfeita com Bolsa Família, aumento de salário mínimo e isenção de imposto de renda para os mais pobres, agora ele está colhendo bons resultados do Plano safra e do Desenrola, justamente em regiões e segmentos onde não venceu a eleição. Trata-se de um resultado muito bom para o grau de animosidade que ainda existe entre os dois polos — analisa Felipe Nunes.

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Quando questionados pela pesquisa sobre qual a notícia mais positiva que ouviram do governo Lula, os eleitores citam, de forma espontânea, o Bolsa Família de R$ 600 com acréscimo de R$ 150 por criança (9%); a diminuição dos preços (8%); a proteção da Amazônia e/ou povos indígenas (4%); o relançamento do Minha Casa, Minha Vida (3%); o aumento do salário mínimo acima da inflação (3%); e benefícios aos mais pobres (3%). A maioria foi bandeira de Lula durante as eleições.

Alvo de tensão no início do governo, a relação de Lula com o Congresso mudou aos olhos da opinião pública. Em junho, a maioria da população (51%) dizia que o petista estava tendo mais dificuldade para conseguir o apoio dos parlamentares se comparado com seu antecessor, Jair Bolsonaro. Hoje, em meio a uma iminente reforma ministerial que mira a governabilidade na Câmara e Senado, 43% dizem que o petista está tendo mais facilidade do que o ex-mandatário.

A pesquisa Genial/Quaest foi a campo entre os dias 10 e 14 de agosto e realizou 2.029 entrevistas presenciais com brasileiros com 16 anos ou mais. A margem de erro é estimada em 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.

O Globo