Alvo da PF tem ligações com empresas suspeitas
Alvo de busca e apreensão da Polícia Federal na manhã de hoje por suspeita de idealizar a invasão às sedes dos três Poderes em 8 de janeiro, o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes fez lobby junto ao governo Jair Bolsonaro (PL) para uma empresa que acabou suspeita de fraude na venda de 300 ventiladores pulmonares na pandemia.
Crise do oxigênio Antes de integrar o governo Bolsonaro, o general ajudou empresa suspeita. Em maio de 2020, Ridauto acompanhou o CEO da Biogeoenergy, Paulo de Tarso, em ao menos duas reuniões: uma delas no Ministério da Saúde, a outra em um hospital do Exército, em Brasília.
Apoio precedeu escândalo.
O apoio do general aconteceu menos de 15 dias antes de a Biogeoenergy ser alvo da Operação Ragnarok, que investigou suposta fraude na venda de 300 ventiladores pulmonares ao Consórcio Nordeste, com prejuízo de R$ 48,7 milhões. Bastidores, opinião e análise dos fatos mais relevantes da política, na palma da sua mão.
Embora os ventiladores tenham sido encomendados, eles nunca foram produzidos ou entregues aos estados que receberiam os equipamentos. Procurada na época pelo UOL, a Biogeoenergy não respondeu aos contatos. Ao UOL, o empresário disse na época que apenas ajudou a escrever ofícios aos governos estaduais indicando a possibilidade de vendas diretas dos aparelhos. Apesar do escândalo, Ridauto foi chamado para o governo Bolsonaro no ano seguinte.
Primeiro, foi assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde na gestão Eduardo Pazuello. No cargo, Ridauto foi alvo de críticas quando faltou oxigênio às vítimas da covid em Manaus. Na época, ele disse que o alerta feito pela White Martins sobre a falta do insumo foi “relativamente suave” e não indicava o tamanho da crise. Quem pega o ofício que chegou para nós e ler vai ter a mesma impressão.
Mesmo assim, em julho daquele ano ele foi promovido a diretor do Departamento, onde ficou até o final do governo. Braço direito de Pazuello, ele foi indicado depois que o então ocupante do cargo, Roberto Dias, foi demitido por suspeita de pedir propina ao comprar vacinas contra a covid-19. Ridauto também foi foi criticado pela demora em comprar e distribuir as vacinas.
Ele também ampliou o sigilo sobre estoques de remédios vencidos. Em setembro de 2021, reportagem da Folha revelou que o ministério guardava R$ 243 milhões em medicamentos, vacinas e testes sem validade. Diante do escândalo, Ridauto impôs sigilo de dois anos aos estoques ao afirmar a indústria farmacêutica poderia usar os dados para cobrar mais caro.
A operação de hoje
O general da reserva foi alvo da 18º fase da Operação Lesa Pátria. Ele é investigado por supostamente ajudar na idealização do ataque às sedes dos Poderes. Segundo a TV Globo, ele fez parte do primeiro grupo que invadiu os prédios. Esse grupo, formado por membros do Exército, teria conhecimento detalhado dos edifícios atacados. Nas imagens, eles foram flagrados com luvas e balaclava, tocas que deixam apenas os olhos à mostra.
Ele mesmo gravou um vídeo em frente ao Palácio do Planalto durante os ataques. Quero dizer que eu estou arrepiado aqui. O pessoal acabou de travar a batalha do gás lacrimogêneo. Acreditem, a PM jogou gás lacrimogêneo na multidão aqui durante meia hora. Ridauto Lúcio Fernandes, general da reserva A operação tem origem nas quatro frentes de investigação: Uma delas mira os autores intelectuais; Outra busca mapear os financiadores e responsáveis pela logística do acampamento e transporte para Brasília; O terceiro são os vândalos: a PF quer identificar e individualizar a conduta de cada um dos envolvidos na depredação dos prédios; A última linha de apuração será sobre autoridades que facilitaram a atuação dos vândalos no 8 de janeiro.
O militar Ridauto General de Brigada, Ridauto foi militar da ativa por 37 anos. Seu último cargo na Exército foi o de comandante da 7ª Brigada de Infantaria Motorizada, em 2018, quando passou para a reserva. No ano anterior, assumiu o controle da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Norte como interventor. Ele também é diretor de Segurança e Defesa do Instituto Sagres e sócio fundador do Instituto Brasileiro de Segurança e Justiça. Tem mestrado em Ciências Militares e Comandou o 63º Batalhão de Infantaria Motorizado, em Florianópolis.
UOL