Disputa em SP vai virar tema nacional
Foto: Vídeo de propaganda partidária do Psol
O deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) deu início à sua pré-campanha para prefeito de São Paulo, usando dois vídeos da propaganda partidária com 30 segundos cada, em que propõe a criação de um movimento “que una a sociedade, o Psol e várias outras entidades para construir as soluções que São Paulo precisa”. A dificuldade do parlamentar consolidar uma aliança ampla, contudo, é grande.
Sem cabeça de chapa na capital paulista pela primeira vez em sua história, o PT deve ficar com a vice, mas sinaliza que não irá se empenhar na candidatura da mesma forma como fez em eleições anteriores.
Uma das consequências dessa nova postura pode ser a consolidação da candidatura da deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) em São Paulo. O projeto prioritário do PSB é a reeleição do prefeito do Recife, João Campos. O apoio de petistas ao pessebista é uma negociação possível, mas não dependerá de um acerto em São Paulo. “Nossas alianças dependem de reciprocidade”, disse Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB, que lembra que o Psol não apoia o partido “em lugar nenhum do Brasil”.
O maior trunfo de Boulos é a participação de Lula na campanha, algo que, segundo Costa, só irá acontecer em campanhas que reprisem em escala local a polarização entre Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Lula vai estar onde a extrema-direita estiver forte”, afirmou o senador.
É exatamente o que Boulos espera que aconteça em São Paulo. “Lula já entrou na campanha, porque o prefeito Ricardo Nunes (MDB) busca o bolsonarismo e não dará palanque para Lula na eleição presidencial de 2026. Apoiará quem estiver na oposição”, disse o deputado do Psol. Para Boulos, “São Paulo tem um peso diferente do resto do Brasil em termos de impacto no quadro eleitoral nacional”.
O prefeito de São Paulo já conta com apoio de partidos de centro, como o PSDB ou o PSD e tem buscado o apoio de Bolsonaro, com quem se encontrou na sexta-feira, depois de bolsonaristas manifestarem resistência a uma aliança do PL com o MDB.
Boulos reconhece que uma aliança com o PSB está fora do seu horizonte. Ele tem apoio garantido apenas dos partidos que formam as federações integradas pelo PSol e o PT: Rede, PC do B e PV. O deputado aposta ainda em um acordo com o PDT. A dificuldade é garantir a reciprocidade: o PDT não tem lugar na chapa majoritária e a regra eleitoral proíbe coligação nas eleições proporcionais. Boulos acha que esse obstáculo pode ser contornado com a sua participação na campanha dos candidatos a vereador do PDT.
Qualquer acerto com o PDT, contudo, só será definido na reta final do prazo de convenções. O PDT filiou ao partido o jornalista José Luiz Datena, que já ensaiou lançar candidatura diversas outras vezes, sempre por um partido diferente. O deputado busca também apoio do Avante e do Solidariedade, que apoiaram Lula no primeiro turno das eleições do ano passado. Esses dois partidos, contudo, também pode fechar com Ricardo Nunes.
O Psol de Boulos tem direito, neste segundo semestre, a 10 minutos de propaganda partidária, divididos em 20 inserções com 30s cada. Segundo informações que estão no site do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) as propagandas serão veiculadas em setembro, outubro e dezembro.
As propagandas têm estética semelhante à usada na campanha eleitoral e foram produzidas pelo jornalista Lula Guimarães, que será o marqueteiro de Boulos. Guimarães foi o responsável pelo marketing da campanha vitoriosa de João Doria (ex-PSDB) à Prefeitura de São Paulo em 2016 e das campanhas presidenciais de Eduardo Campos/ Marina Silva em 2014 e de Geraldo Alckmin em 2018.