Lider golpista presa quer desmentir a si mesma

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Ana Priscila Azevedo, um dos principais nomes relacionados ao 8 de Janeiro, depõe na manhã desta quinta-feira (28/9) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Atualmente presa e apontada como liderança da tentativa de golpe, ela mantinha canais no Telegram com mais de 50 mil participantes, incentivando invasões. Segundo a defesa de Ana Priscila, um dos principais objetivos do depoimento será esclarecer “a grande mentira”.

A depoente virou uma espécie de “influencer” da direita após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas urnas, administrando grupos on-line de pessoas que queriam anular o resultado democrático e enviando áudios (ouça abaixo) quase diários. Na véspera do 8 de Janeiro, ela declarou que iria “sitiar os Três Poderes” e incentivou invasões. No dia dos crimes, xingou de “cristãos de merda” quem não compareceu à Esplanada pela manhã e comemorou o vandalismo pela tarde.

A líder dos atos golpistas foi detida em Luziânia, em 10 de janeiro. “Quem não tinha para onde ir foi para o QG [após as invasões]. Porque, à noite [do dia 8], só foi para lá quem não tinha hotel para ir, casa para ficar. Ela foi para casa de um amigo e foi presa dois dias depois.”

Cárcere

A defesa de Ana Priscila critica as condições de cárcere e o andamento do processo. Segundo Claudio, ela ficou em uma solitária, sem banho de sol, até 10 dias atrás, com problemas de saúde. “Solitária é castigo, não é pena. Ou o preso fez coisa muito errada ou precisa disso para se proteger. Ela não tinha do que ser protegida, não tem infração administrativa, tem bom comportamento. E a Ana Priscila não foi denunciada. Se não teve a denúncia, não apontaram os crimes que ela pode ter cometido, então por que está presa?”, questiona.

Relembre

Quando Michelle Bolsonaro postou no Instagram um vídeo com crianças na piscina do Palácio do Alvorada, Ana Priscila incitou manifestantes a invadir o local e tomar um banho. “Brasília é muita seca. Os senhores estão todos convidados a tomar um banho de piscina no Palácio do Alvorada”, disse a líder dos atos, dia 7.

No 8 de Janeiro, enquanto manifestantes agrediam policiais militares, furavam barreiras de segurança, entravam à força no Congresso Nacional e depredavam símbolos da democracia, Ana Priscila Azevedo ria e comemorava.

Nas horas seguintes ao vandalismo, o DF sofreu intervenção federal na Segurança Pública, mais de mil prisões ocorreram e Ana Priscila Azevedo tentou fugir. Na segunda-feira, ela mudou totalmente o tom após observar que os atos dos golpistas tiveram consequências. Em um dos últimos áudios enviados antes de ser presa, ela falou em tom bem diferente dos gritos firmes de convocação para a “guerra”.

Ana Priscila surge abatida, acuada, negando tudo o que fez e se defendendo de acusações da própria direita de que ela seria uma petista convocada para “quebrar tudo” e culpar bolsonaristas. “Não tem nenhuma prova, não tem nada que comprove que eu sou uma infiltrada, que eu sou uma criminosa, que eu participei disso daí”, alega.

Metrópoles