Moro e Bolsonaro são políticos mais rejeitados
Foto: Montagem sobre fotos de Cristiano Mariz e Sergio Lima/AFP
Com oito meses de mandato, o presidente Lula é benquisto por quase um quarto dos brasileiros. Segundo a nova edição da pesquisa “A Cara da Democracia”, produzida pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT), 23% afirmam “gostar muito” do petista.
Em uma escala de zero a dez — sendo zero “não gosto de jeito nenhum” e dez “gosto muito” —, Lula é quem mais recebe a pontuação máxima no levantamento, que leva em consideração dois grandes antagonistas seus— o ex-presidente Jair Bolsonaro e o senador Sergio Moro (União Brasil) —, além dos governadores Tarcísio de Freitas e Romeu Zema e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Embora Lula esteja na dianteira, o percentual dos que gostam muito do petista caiu cinco pontos em relação a junho do ano passado, quando 28% deram nota máxima ao petista. Em 2002, quando foi eleito presidente pela primeira vez, a base de Lula era bem maior, 37%.
— É natural que Lula tenha uma porcentagem de pessoas que gostam muito dele menor do que em 2002, considerando o tempo que passou, vinte anos, e tudo o que aconteceu nos governos PT, com os escândalos de corrupção, o impeachment de Dilma Rousseff e a prisão de Lula —avalia Oswaldo Amaral, diretor do Centro de Estudos de Opinião Pública (Cesop) da Unicamp. — Mas esses 23% que se mostram muito conectados ao presidente refletem uma base muito fiel. É um número bastante substantivo e que já vinha sendo retratado nas pesquisas de opinião.
Quem soma mais “desafetos” é Bolsonaro: 43% dizem não gostar de jeito nenhum do ex-presidente da República. Já o “fã-clube bolsonarista” hoje está em 13%, de acordo com o levantamento, mesmo patamar de junho do ano passado. Quando Bolsonaro foi eleito, em 2018, era o dobro: 26%.
— Trata-se de uma queda bastante expressiva e que é reflexo do governo ruim que ele fez e das más notícias recentes, que colocam em dúvida questões sobre a figura do ex-presidente ligadas à corrupção — afirma Amaral, completando que os 13% refletem o tamanho da base bolsonarista.
Os números da pesquisa trazem uma má notícia para Haddad, visto como um possível sucessor de Lula. Enquanto só 7% gostam muito do ex-prefeito de São Paulo, 37% têm total objeção a ele. O ex-juiz da Lava-Jato Sergio Moro praticamente repete os números do titular da Fazenda, com 7% de pessoas que gostam muito dele e 39% que querem distância.
— A imagem que as pessoas têm do Haddad é a de um ex-candidato a presidente que substituiu Lula, chegou na véspera da eleição de 2018 e foi derrotado num momento em que o PT estava muito fragilizado. Essa vinculação entre a gestão da economia e o ministro da Fazenda não é automática e nem fácil de ser feita pelos eleitores, que vão associar o sucesso da gestão ao presidente — diz Amaral, que ainda acrescenta: — Ainda assim, Haddad tem uma porcentagem de pessoas que não gostam dele de jeito nenhum menor que o Sergio Moro, que nunca administrou nada e nem foi candidato em uma eleição majoritária para o Executivo.
O governador de Minas, Romeu Zema, precisará diminuir sua rejeição se quiser ser um candidato à Presidência competitivo em 2026. Segundo o levantamento, a base de “haters” do mineiro é cerca de seis vezes maior do que a de admiradores. Isso considerando apenas as notas um e 10.
A diferença fundamental de Zema para Haddad e Moro é que o governador ainda tem um grau considerável de desconhecimento: 31% nunca ouviram falar do mineiro, ou seja, há margem para ele ampliar a base de apoiadores.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, vive um cenário um pouco melhor. Somam 9% os que dizem gostar muito dele e 26% os que são antipáticos à sua figura, quatro pontos percentuais a menos do que o chefe do Executivo de Minas. E cerca de um quinto não o conhece.
Os dados foram organizados pelo Centro de Estudos de Opinião Pública da Unicamp a pedido do Pulso e foram extraídos do Estudo Eleitoral Brasileiro (Eseb), realizado pelo próprio Cesop, e da pesquisa “A cara da democracia”.
O estudo do IDDC-INCT foi feito com 2.558 entrevistas presenciais de eleitores em 167 cidades, de todas as regiões do país, entre 22 e 29 de agosto. A pesquisa é financiada pelo CNPq e pela Fapemig e é feita pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT), que reúne pesquisadores das universidades UFMG, Unicamp, UnB e Uerj. A margem de erro é estimada em dois pontos percentuais para mais ou menos e o índice de confiança é de 95%.