Prefeito de SP volta a buscar apoio de Bolsonaro

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Foto: Reprodução/Alesp

Ao mesmo tempo em que busca construir uma imagem de político moderado, o prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) voltou a reforçar acenos a Jair Bolsonaro buscando apoio para a disputa das eleições municipais de 2024. Criticado recentemente por “esconder” o alinhamento com o ex-presidente, embora deseje seus votos, Nunes pretende evitar que o PL lance um nome bolsonarista, o que teria o potencial de retirar votos da sua candidatura no campo da direita.

Nunes e Bolsonaro marcaram de visitar juntos uma sinagoga em São Paulo ontem, em um gesto que sinalizaria essa reaproximação, após idas e vindas na relação entre os dois. Porém, o ex-presidente sentiu dores na cicatrização das cirurgias que fez na última semana, para corrigir uma hérnia e um desvio de septo, e decidiu ficar em repouso.

Antes de Bolsonaro receber alta hospitalar na sexta, Nunes fez questão de visitá-lo no hospital. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, no sábado, ele disse que o ex-presidente não é seu padrinho político, mas que um apoio à sua candidatura está sendo construída e tem boas chances de concretizar.

— Eu quero apoio. Acho que está caminhando para que possa ter esse apoio — disse o prefeito.

Os movimentos de Nunes ocorrem depois que uma ala bolsonarista o criticou por “esconder” o alinhamento com o ex-presidente ao mesmo tempo em que busca seus votos. No início do mês, Fábio Wajngarten, ex-secretário de comunicação do governo Bolsonaro, escreveu em uma rede social que “ninguém se apropriará dos votos bolsonaristas e deixará Bolsonaro distante”, em mensagem interpretada como recado a Nunes. Há conversas para o PL indicar o vice na chapa, o que selaria a aliança eleitoral.

Ainda na entrevista, Nunes elogiou o ex-presidente e repetiu algumas vezes que considera o apoio importante para que sua chapa fique mais competitiva. Além disso, minimizou as investigações que vêm atingindo Bolsonaro, como o caso das joias e a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível.

— O que eu percebi do presidente Bolsonaro sempre foi um posicionamento de seriedade, de não ser uma pessoa envolvida com coisas erradas, de ser uma pessoa correta. Acho que é muito importante o apoio do presidente Bolsonaro, é fundamental — afirmou.

O desafio para a indicação de um vice do PL para a chapa de Ricardo Nunes passa por encontrar um nome que agrade os bolsonaristas, mas que não seja visto como “radical” e “extremista” — perfis que desagradam o prefeito de São Paulo.

Em sua estratégia para competir com atual líder das pesquisas de intenção de votos, o deputado federal Guilheme Boulos (PSOL), Nunes vem dizendo que quer criar uma frente com o centro e a direita para vencer a “extrema esquerda”, que seria representada pelo candidato do PSOL.

Segundo pesquisa recente do Datafolha, Nunes largou atrás na corrida pela prefeitura da capital paulista. Ele tem 24% de intenções contra 32% de Boulos. Para poder avançar sobre o eleitorado de centro, o prefeito se movimenta de forma a dosar os acenos a Bolsonaro, e conseguir manter uma distância segura do ex-presidente para não ser associado à extrema direita e herdar sua rejeição.

Nunes também vem reforçando que pretende evitar a nacionalização da campanha, buscando focar em assuntos municipais. Em 2022, Lula venceu Bolsonaro em São Paulo. No segundo turno, o petista teve 53,5% dos votos válidos contra o ex-presidente na capital paulista. Boulos selou um acordo com o PT e terá o apoio de Lula na campanha.

No início das especulações em relação às pré-candidaturas, o deputado federal e ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (PL-SP), havia se colocado como nome do campo bolsonarista para a disputa. Porém, sem contar com apoio dentro do próprio partido, ele acabou preterido e os planos não avançaram.

Nunes afirmou ainda que também deseja receber o apoio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Porém, ainda não há nenhuma sinalização pública por parte do ex-ministro de Bolsonaro.

O Globo