Reforma ministerial será antes de Lula ir à Índia

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Foto: Agência O Globo

Diante das dificuldades de sacramentar a reforma ministerial e acomodar PP e Republicanos no primeiro escalão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu ontem com os ministros Márcio França (Portos e Aeroportos) e Ana Moser (Esporte), os dois mais ameaçados de perder o cargo. As reuniões fazem parte da tentativa do petista de fechar a nova configuração da Esplanada antes de viajar à Índia, amanhã, para a reunião do G20. O PP, contudo, ampliou a lista de exigências para embarcar no governo, adiando mais uma vez as mudanças reforma, que podem ocorrer hoje.

Pelo plano do governo, o ministério de Ana Moser irá para o deputado André Fufuca (PP-MA). A Casa Civil chegou a elaborar um novo desenho da pasta, ampliada com uma secretaria de jogos eletrônicos, ou games. Fufuca manifestou que o seu partido gostaria de turbinar o ministério com três outras secretarias, voltadas a ações sociais e empreendedorismo.

Além disso, a bancada do PP deseja a criação de um fundo abastecido com recursos arrecadados com a cobrança de imposto sobre apostas esportivas. Isso permitiria repasses de forma mais fácil, sem necessidade formalização de convênios. O governo, porém, resiste à criação das secretarias.

Diante do impasse com o PP, Lula disse a Moser que está muito difícil resolver a reforma e que ainda não tinha uma decisão. A ministra do Esporte foi chamada ao Palácio do Planalto à tarde para uma conversa com o presidente, e ficou no local por cerca de 50 minutos.

Pouco antes, o petista havia almoçado com Márcio França, que tende a ser desalojado do Ministério de Portos e Aeroportos para dar lugar ao deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE). O vice-presidente Geraldo Alckmin, correligionário de França no PSB, também participou da conversa.

A ideia do Planalto é oferecer a França a pasta de Pequena e Média Empresa, que seria criada em um desmembramento do ministério da Indústria e Comércio, chefiado por Alckmin. França, que resiste a essa hipótese, também se reuniu ontem — antes de visitar Lula — com Alckmin, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e o prefeito do Recife, João Campos.

Caso França rejeite mesmo o novo ministério, uma das possibilidades é ficar com a pasta de Alckmin. O vice, porém, ainda não sinalizou que pode deixar o seu posto. Outro caminho discutido seria transferir França para a pasta da Ciência e Tecnologia. Se isso acontecer, a atual titular do ministério, Luciana Santos (PCdoB), iria para uma outro posto na Esplanada. As mudanças geram incômodos no PSB e no PCdoB.

Já a possibilidade de saída de Ana Moser, que não tem partido, encontra resistência no ambiente esportivo. Ontem, a Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil (COB) divulgou nota em apoio à permanência da ministra e afirmando que a eventual demissão deixa os esportistas “envergonhados e desprestigiados, vendo que o esporte no Brasil continua sendo encarado como algo menor”. A nota também foi assinada pelos grupos Atletas pelo Brasil e Movimento Esporte pela Democracia.

Em sua live semanal, ontem, Lula disse que é “muito difícil” chamar um ministro para comunicar sua saída por ter de atender “um acordo com o partido político”.

— Mas essa é a política. O governo tem propostas importantes para passar no Congresso Nacional. Os deputados não são obrigados a votar no governo porque o governo mandou. (…) Precisamos construir uma maioria, para dar tranquilidade ao governo nas mudanças que precisamos fazer, para aprovar determinadas coisas e não permitir que coisas indigestas sejam aprovadas — disse o presidente.

Com a entrada de PP e Republicanos no governo, Lula espera consolidar mais 60 votos na Câmara.

O Globo