PF explica demora no caso Bolsonaro

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O diretor-geral da PF EXPLICOU hoje a DEMORA para DENUNCIAR o ex-presidente à PGR no caso das JÓIAS que ele é acusado de ROUBAR. Veja explicação

 

PF explica demora no caso Bolsonaro

Da Redação

O diretor-geral da PF decidiu explicar publicamente a demora para denunciar o ex-presidente à PGR no caso das jóias que ele é acusado de roubar. Veja a explicação

O diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, confirmou nesta terça-feira (11) que investigadores descobriram uma nova joia que foi negociada por Bolsonaro nos Estados Unidos. Segundo o policial, o novo elemento robustece as apurações sobre as transações de artigos de luxo feitas por Bolsonaro e seus aliados e configura um agravamento muito forte do caso.

Diz o chefe a PF:

“A nossa diligência localizou que, além dessas joias que já sabíamos que existiam, houve negociação de outra joia que não estava no foco dessa investigação. Não sei se ela já foi vendida ou não foi. Mas houve o encontro de um novo bem vendido ou tentado ser vendido no exterior. Tecnicamente falando, isso robustece a investigação”.

Rodrigues ainda informa que mesmo com essa nova investigação, a expectativa é que o caso ainda seja concluído em junho.

A descoberta sobre a nova joia ocorreu durante diligências da PF nos EUA. A ida da polícia ao país se deu no âmbito de uma cooperação internacional com o FBI, a polícia federal dos EUA. O acordo tem o nome de “Mutual Legal Assistance Treaties”.

Em maio, um agente e um delegado da PF estiveram no país em uma cooperação internacional do Federal Bureau of Investigation (FBI), o Departamento Federal de Investigação. Em cidades como Miami (Flórida), Wilson Grove (Pensilvânia) e Nova York (NY), os policiais conseguiram colher depoimentos de comerciantes, acessar imagens de câmeras de segurança e ainda obter documentos, como movimentações financeiras dos investigados.

Foi nessa diligência do exterior, com a equipe do FBI, que se teve notícia dessa nova joia negociada e que não estava no foco da investigação. Houve um encontro de um novo bem vendido no exterior e isso talvez tenha sido um dos fatores para atrasar a conclusão do inquérito. Esse encontro robustece a investigação que se iniciou desde a apreensão no aeroporto — explicou Rodrigues.

Para o delegado Ricardo Andrade Saadi, diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado e à Corrupção (Dicor), a identificação dessa nova joia vendida pode ser um agravante na definição da pena em caso de eventual condenação dos envolvidos no esquema. São investigados crimes como peculato e organização criminosa.

De acordo com as investigações, auxiliares de Bolsonaro venderam ou tentaram comercializar ao menos quatro itens, sendo dois entregues pela Arábia Saudita e dois pelo Bahrein.

No inquérito, a PF aponta a existência de uma organização criminosa no entorno do ex-presidente que atuou para desviar joias, relógios, esculturas e outros itens de luxo recebidos por ele como representante do Estado brasileiro.

Entre os presentes negociados, estão relógios das marcas Rolex e Patek Phillipe, para a empresa Precision Watches, no valor total de US$ 68 mil, o que corresponde na cotação da época a R$ 346.983,60.

A tendência, dizem investigadores, é que Bolsonaro seja indiciado no caso por peculato, com pena de 2 a 12 anos de prisão e multa. Nesse caso, a prisão em regime fechado pode ocorrer se a pena final total for superior a oito anos. Penas entre 4 e 8 anos podem ser cumpridas em regime semiaberto.

O caso das joias teve origem em 2021, quando o então ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) tentou desembarcar no Brasil com artigos de luxo na mochila. Os bens não foram declarados e acabaram apreendidos pela Receita Federal.

Albuquerque alegou que as joias teriam sido presentes enviados pelo governo da Arábia Saudita para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Segundo a colunista Monica Bergamo, foram avaliadas em R$ 5.602.897,30 pela Receita Federal.

Além desta, as investigações apontaram que Bolsonaro e auxiliares retiraram do país, no avião presidencial, pelo menos outros quatro conjuntos de bens recebidos pelo ex-presidente em viagens internacionais, na condição de chefe de Estado.

As apurações mostram que o ex-presidente e aliados tentaram vender os itens nos Estados Unidos e inclusive levaram as joias no avião presidencial em 30 de dezembro, quando Bolsonaro deixou Brasília e seguiu para Orlando.

Com base nas informações, a PF chegou a fazer buscas em endereço do general da reserva do Exército Mauro Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; de Frederick Wassef, advogado do ex-presidente; e de Osmar Crivelatti, tenente do Exército e que também atuou na ajudância de ordens da Presidência.

Para a PF, Bolsonaro utilizou a estrutura do governo federal para desviar presentes de alto valor oferecidos a ele por autoridades estrangeiras.

A defesa de Bolsonaro afirma que o ex-presidente jamais se apropriou de qualquer bem público e que ele “voluntariamente” pediu ao TCU (Tribunal de Contas da União) em abril de 2024 a entrega de joias recebidas “até final decisão sobre seu tratamento, o que de fato foi feito”.

O próprio ex-presidente disse querer esclarecer o caso “o mais rápido possível”, e que não ordenou a venda de nenhum item.

Em depoimento dado à PF, o ex-presidente afirmou ter tido conhecimento sobre as joias apreendidas na Receita 14 meses após o ocorrido. Segundo a defesa, após saber do caso, em dezembro de 2022, Bolsonaro buscou informações para evitar um suposto vexame diplomático caso os presentes fossem a leilão.

De acordo com Andrei, o inquérito que investiga fraudes no cartão de vacinação de Bolsonaro também deve ser concluído em junho.

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro não se posicionou sobre o assunto.