Movimento de Luta Contra a Aids repudia fala de Bolsonaro
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Ao defender nesta quarta-feira (5) o programa de prevenção à gravidez na adolescência da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que uma pessoa com HIV representa “uma despesa para todos no Brasil”. Em resposta, o Movimento de Luta Contra a Aids, representado pela Anaids (Articulação Nacional de Luta contra a Aids), RNP+Brasil (Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids), MNCP (Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas) e RNTTHP (Rede Nacional de Mulheres Travestis e Transexuais e Homens Trans vivendo e convivendo com HIV/ Aids), repudiou as declarações do presidente.
Na saída do Palácio da Alvorada o presidente disse que “o próprio [jornalista] Alexandre Garcia fala que a esposa dele, que é obstetra, atendeu uma mulher que começou com o primeiro filho com doze anos de idade. [Teve] o outro com 15 e no terceiro já estava com HIV. A gente quer ajudar a combater. Uma pessoa com HIV, além de um problema sério para ela, é uma despesa para todos no Brasil”.
“Destacamos que a resposta brasileira à epidemia de aids é uma política de Estado, não uma política de governos ou partidos, ancorada nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e na garantia dos direitos humanos, com reconhecimento e destaque internacional.Expressamos nossa repulsa para a abordagem desrespeitosa, superficial e preconceituosa dispensada às pessoas que vivem com HIV/aids. As declarações ofendem e rotulam quase um milhão de cidadãos e cidadãs nesta situação, além de seus familiares, amigos e entorno social. Não podemos tolerar que depois de décadas de conquistas e de luta contra a discriminação, discursos ancorados em preceitos equivocados e preconceituosos, potencializem estigmas e processos de exclusão sociais ainda presentes no cotidiano das pessoas que vivem com HIV/aids no Brasil. Acreditamos que estas manifestações, panfletárias, são estratégias adotadas pelo governo para desviar a atenção da população de questões e problemas emergentes que o país vive.”
Para o movimento social, “o exemplo ilustrativo apresentado pelo presidente, evidência a falta de programas/políticas públicas de educação sexual, voltadas a adolescentes e jovens, articuladas com ações de prevenção e que considerem os contextos de vulnerabilidade social dos adolescentes e jovens brasileiros. Mas isto se contradiz nas ações do governo brasileiro, que investe em ações com mera valoração moral, sem evidência científica.”
O grupo finalizou o documentou com a promessa de ampliar a mobilização pela garantia de direitos e de políticas públicas inclusivas, plurais, fundamentadas em evidências científicas e construídas com participação social. “Somente com engajamento social conseguiremos impedir que o obscurantismo e ideias fundamentalistas predominem. A saúde é direito de todos e dever do Estado. As pessoas que vivem com HIV/aids exigem respeito!”