Com fim da intervenção do BC, dólar volta a subir
Foto: SeongJoon Cho/Bloomberg
O fim dos novos leilões de swap pelo Banco Central fez o dólar retomar a tendência de valorização no Brasil no pregão desta segunda-feira. Sem a intervenção da autoridade monetária, a moeda americana operou em alta moderada durante o dia inteiro e encerrou cotada a R$ 4,3290, alta de 0,68%.
O movimento, no entanto, ocorre em dia de baixa liquidez causada pela ausência do investidor americano, já que os Estados Unidos comemoram o feriado do Dia do Presidente.
O contrato para março do dólar, o mais líquido, tinha giro de R$ 31 bilhões no horário de encerramento do pregão, bem abaixo da média diária de R$ 81,4 bilhões de fevereiro. Em sessões com menos liquidez, é comum as oscilações dos preços se ampliarem.
Ainda assim, o real teve o pior desempenho do dia entre as 33 moedas mais líquidas do mundo. Em segundo lugar, veio o rand sul-africano, contra o qual o dólar subia 0,51% .
“Mesmo que tenha ocorrido uma melhora do humor após os estímulos adotados pela China, o dólar continua forte no mundo todo e ativos de segurança continuam se fortalecendo, como o ouro e os Treasuries”, diz Victor Beyruti, economista da Guide. “Além do cenário lá fora, o também câmbio fica pressionado internamente pela falta de dados positivos, que dão aval para novos cortes de juros mesmo que o Copom tenha sugerido uma interrupção”, acrescenta.
Na semana passada, apenas a venda do equivalente a US$ 2 bilhões em contratos de swap cambial pelo BC interrompeu a tendência de valorização da moeda americana, que caminhava para anotar sua sétima semana consecutiva de ganhos. Após a ação do BC, o dólar registrou uma queda de 0,47% no acumulado da semana.
Hoje, o humor dos mercados para ativos de risco melhorou na margem após o Banco do Povo da China (PBoC) cortar a taxa de juros referencial de 3,25% para 3,15% ao ano, além de injetar outros 200 bilhões de yuans (US$ 28,6 bilhões) e ofertar 100 bilhões de yuans (US$ 14,3 bilhões) em operações compromissadas. As medidas ajudaram os mercados europeus e também a bolsa local a operarem em alta.
O desempenho das divisas emergentes, no entanto, foi misto. No horário citado, o dólar cedia 0,13% contra a lira turca e 0,08% frente o rublo russo, mas ganhava 0,24% frente o peso chileno.
Nos cálculos da Wagner Investimentos, a cotação do dólar está bastante esticada tanto aqui como lá fora, ajudada pela depreciação do euro e também das commodities, que prejudica o desempenho das moedas emergentes. Por isso, a casa acredita que é possível um recuo nas próximas semanas.
“É mais fácil surgir uma notícia que ajude a tendência a virar, ainda que brevemente”, diz José Faria Junior, diretor da WIA. O profissional aposta que a recuperação das commodities possa trazer algum alívio ao real – o índice CRB da Reuters tocou recentemente os menor patamar em dois meses.
Mesmo esse recuo, no entanto, pode ser provar apenas temporário, dada as condições atuais de mercado. “Acreditamos que o objetivo de longo prazo do dólar ainda é o R$ 4,40. Ele teria chegado lá não fosse a atuação do Banco Central”, diz.