Bolsonaro diz que não tolera “fogo amigo”
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O presidente Jair Bolsonaro surpreendeu nesta terça-feira (18) a plateia da posse do general Braga Netto na Casa Civil quando, no meio de seus discursos, fez uma defesa do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Sem que o tema estivesse público, Bolsonaro chegou a dizer que Paulo Guedes não pediu para sair do governo. Era uma operação para acalmar o chefe da equipe econômica e mandar um recado de que não vai tolerar “fogo amigo” contra ele.
Sentado em frente ao presidente, o ministro da Economia, com semblante sério, colocou a mão no peito e olhou para Bolsonaro em agradecimento.
O que não era público é que o ministro da Economia havia reclamado com o chefe dos ataques que vinha sofrendo de dentro do governo e do trabalho que alguns colegas estavam fazendo contra o envio da reforma administrativa ao Congresso.
Segundo interlocutores do ministro da Economia, Paulo Guedes disse que trabalhar neste ambiente fica muito complicado e difícil. Bolsonaro entendeu a mensagem de seu ministro e decidiu defendê-lo.
“Se o Paulo Guedes tem alguns problemas pontuais, como todos nós temos, e ele sofre ataques, é muito mais pela sua competência do que por possíveis pequenos deslizes que eu já cometi muitos no passado”, afirmou o presidente.
Em seguida, Bolsonaro disse que o governo deve a Paulo Guedes e que o ministro “não pediu para sair”.
“Mas eu tenho certeza que, assim como foi um dos poucos que eu conheci antes das eleições, ele [Paulo Guedes] vai continuar conosco até o nosso último dia”, completou Bolsonaro.
Interlocutores do presidente disseram ao blog, logo após a sua fala, que o Bolsonaro sinalizou que não vai tolerar fogo amigo contra um de seus principais assessores.
Nos últimos dias, depois que o ministro da Economia chegou a comparar servidores a parasitas e que o dólar baixo gerou uma farra danada, com empregadas domésticas indo para Disney, Paulo Guedes passou a ser criticado não só fora como também dentro do governo.
As críticas ao ministro da Economia foram feitas inclusive dentro do Palácio do Planalto. Paulo Guedes sentiu que estava sendo alvo de ataques de colegas e decidiu reclamar com o presidente.
A principal reclamação do ministro da Economia é com relação à demora no envio da reforma administrativa. Em sua avaliação, isso passa um sinal negativo para o mercado, num momento em que o país ainda não entrou num ritmo de crescimento mais forte.
Para Guedes, o Brasil só vai crescer acima de 2,5% se as reformas forem aprovadas. E, quanto mais elas atrasarem, mais difícil fica seu trabalho.