OMS sugere que o Brasil aja agressivamente contra o coronavírus
Foto: Akos Stiller/Bloomberg
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, sugeriu ao Brasil e outros seis novos países afetados pela coronavírus a “agir agressivamente para prevenir o contágio e salvar vidas”.
Para Tedros, trata-se de uma ”janela de oportunidade” para os países reforçarem os sistemas de saúde afim de prevenir epidemias.
”Se você agir de forma agressiva agora, poderá conter esse vírus”, afirmou ele. ”Você pode impedir que as pessoas fiquem doentes. Você pode salvar vidas. Portanto, meu conselho para esses países é avançar rapidamente”.
O Brasil é o primeiro país na América do Sul, e o primeiro de uma zona tropical, a anunciar um caso de contágio, o que elevou o sinal de alerta sobre a propagação da epidemia.
Além disso, autoridades de saúde pública dos Estados Unidos e da Alemanha confirmaram ter pacientes que não exibiam nenhuma conexão conhecida com outras pessoas com a doença.
Isso elevou a possibilidade de o vírus ter começado a se espalhar localmente por meios desconhecidos, sem que as pessoas infectadas tivessem passado a doença para outras pessoas.
Para o diretor-geral da OMS, o Brasil tem forte experiência na gestão de riscos e demonstrou isso em outras situações, como no combate contra Zika.
Mas ele observou que a questão não é apenas impedir que casos de coronavírus cheguem aos países. ”O ponto é o que você faz quando tem casos. Mas não somos desesperados. Todo país precisa estar pronto para detectar casos precocemente, isolar pacientes, rastrear contatos, fornecer atendimento clínico de qualidade, prevenir surtos hospitalares e impedir a transmissão da comunidade”.
Em balanço diante da imprensa, na tarde desta quinta-feira em Genebra, o diretor-geral da OMS calculou que 44 países estão agora atingidos pelo vírus. Isso inclui mais sete que notificaram caso, incluindo o Brasil, Grécia, Romênia, Geórgia, Norte Macedônia, Noruega e Paquistão.
”É tempos para agir agora, sem temores, medo e pânico não ajudam”, insistiu Tedros.
Segundo Ghebreyesus, o novo coronavírus tem “potencial pandêmico” e a disseminação da doença atingiu um “ponto decisivo”. “É tempo de agir agora, sem temores. Medo e pânico não ajudam”, insistiu.
Tedros disse que a rápida propagação da Covid-19 no Irã, na Itália e na Coreia do Sul é um sinal do que o vírus é capaz de fazer. Hoje, as autoridades sul-coreanas registraram 505 novos casos confirmados da doença, número superior aos 433 da China no mesmo período.
Pelo balanço da OMS, pelo segundo dia consecutivo o número de novos casos superou os novos contágios na China.
A entidade global registrou oficialmente, até o começo da manhã, 78.630 contágios na China e 2.747 mortos. Fora da China, são agora 44 países afetados com 3.474 contágios confirmados e 54 mortos.
”Nossa maior preocupação é com esses casos fora (da China)”, afirmou ele.
Apesar do tom mais alarmista do que o adotado nos últimos dias, Tedros afirmou que o novo coronavírus não é como a influenza e pode ser contido se as medidas corretas forem tomadas. Como exemplo, ele citou Filipinas, Sri Lanka e Camboja, que não registraram novos casos em mais de duas semanas.