Após apelos de autoridades, Malafaia suspenderá cultos
Foto: Gustavo Miranda/Agência O Globo
O pastor Silas Malafaia afirmou nesta sexta-feira, após uma semana de relutância, que irá suspender os cultos da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que tem 116 congregações no Brasil. Em vídeo publicado hoje nas redes sociais, Malafaia informou que irá interromper as reuniões com fiéis diante do avanço do novo coronavírus e que, também por causa da epidemia, ampliará o horário de funcionamento de seus templos.
— Eu disse que (havia) três motivos para eu poder parar os cultos nas igrejas. Um, decreto de estado de emergência, né? Aí tem que parar. Dois, redução drástica de ônibus e de transporte. Três, redução judicial. O Ministério Público tentou impedir o meu culto aqui, mas o juiz não deu. Mas agora o governador e o prefeito estão reduzindo drasticamente circulação de transporte. Isso está acontecendo em várias cidades do Brasil. Então, eu vou suspender os meus cultos. Mas tem uma coisa: eu vou ampliar a hora de igreja aberta, que igreja aqui não vai ficar fechada, não — afirmou Malafaia.
Desde o início da semana, quando governadores de diferentes estados começaram a restringir a circulação de pessoas como forma de evitar o contágio, Malafaia vinha se recusando a interromper os cultos.
Somente no Rio de Janeiro, segundo estado mais afetado pela doença Covid-19, a igreja do pastor tem 92 congregações. Em São Paulo, são três. Nos dois estados há recomendação do poder público para que as pessoas evitem aglomerações, inclusive em eventos religiosos, e permaneçam em casa. No caso paulista, a sugestão consta em um decreto assinado pelo governador João Doria (PSDB).
Criticado nas redes sociais por ter mantido o cronograma inalterado de seus cultos e ainda ter participado deles junto com centenas de fiéis ao longo da semana, Malafaia vinha dizendo em suas pregações que havia “asneiras” circulando na internet e que as igrejas não poderiam ser fechadas por ordem do poder Executivo, apenas do Judiciário.
Na quinta-feira, o Ministério Público (MP) do Rio de Janeiro chegou a entrar com uma ação contra Malafaia e sua igreja com o objetivo de obrigá-lo a fechar as congregações no estado. O pedido, negado em primeira instância pelo Tribunal de Justiça do Rio, previa multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento.
Mesmo anunciando a suspensão dos cultos, Malafaia defendeu que não irá fechar as igrejas conforme pediu o MP. Ele deixará a sede na Penha, Zona Norte do Rio, aberta diariamente. Nos dias de semana, o período de atendimento chegará a doze horas. A intenção dele é receber fiéis que precisem de amparo em meio à crise.
— A igreja vai ficar aberta mais tempo do que hoje. Porque eu não vou fechar, creio que a igreja é o hospital de Deus para a área espiritual e emocional — disse Malafaia.
Antes de Malafaia, o Arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, determinou nesta sexta-feira que as missas católicas na capital carioca sejam realizadas “sem a presença do povo”. A decisão foi uma resposta a uma notificação enviada à Igreja Católica pelo MP.