Bolsonaro diz que há “ditadura” no Brasil
Foto: Frederico Brasil/Futura Press/Estadão Conteúdo
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ironizou hoje a fala do governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), sobre deter e responsabilizar criminalmente as pessoas que descumprirem a determinação de isolamento social para conter a pandemia do novo coronavírus.
Na saída do Palácio da Alvorada, residência oficial do governo, o mandatário foi questionado por um apoiador sobre o assunto. A resposta veio com uma ironia: “Virou ditadura?”.
Durante a carreira na política, Bolsonaro ficou conhecido pelos discursos de exaltação ao Golpe Militar de 1964 e negação dos crimes cometidos pelos militares durante a ditadura (1964-1985).
Na sessão que resultou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, Bolsonaro chamou de “herói nacional” o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido pela Justiça como torturador. O militar, morto em 2015, chefiou o DOI-Codi, aparelho de repressão do regime.
A medida para restringir ainda mais o isolamento no Rio foi anunciada ontem pelo governador fluminense. Segundo ele, a recomendação dada a partir dali era uma ordem expressa da chefia do Executivo estadual.
Bolsonaro também alfinetou o seu principal desafeto no momento, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Ao ser informado por um apoiador que o tucano teria supostamente colocado grades no entorno de casa, Bolsonaro respondeu:
“Por que o governador não botou grade em volta da casa dele? Não sei porque… Será que é pra cercar o vírus?”.
Ontem, Witzel subiu o tom e afirmou que Bolsonaro pode ser acusado de crimes contra a humanidade por desrespeitar reiteradamente as determinações sanitárias no combate ao covid-19.
Ele demonstrou irritação com o fato de o presidente cogitar editar um decreto liberando que trabalhadores voltem a suas funções sem considerar o isolamento. Segundo Witzel, um chefe de Estado precisa respeitar os tratados internacionais assinados pelo Brasil.