Posse de Teich poderá produzir mortes
Foto: Jorge William / Agência O Globo
Sob aplausos, Luiz Henrique Mandetta acabara de fazer seu discurso de despedida, em tom emocional, no palco montado no Salão Oeste do Palácio do Planalto, na cerimônia de posse de seu sucessor no Ministério da Saúde, Nelson Teich. Dirigiu-se ao presidente Jair Bolsonaro e propôs um cumprimento. Os dois tocaram os cotovelos e riram, no momento de maior descontração da solenidade. O gesto, porém, foi um raro momento na cerimônia em que as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o distanciamento social foram observadas.
A rotina no Planalto foi alterada desde que a pandemia do novo coronavírus se impôs no país. Eventos com a presença de convidados não ocorriam por causa das precauções com a doença. Ontem, no entanto, aproximadamente 50 pessoas estavam na plateia em cadeiras espaçadas. Nenhum dos ministros usava máscaras para se proteger. Ao fim da cerimônia, houve aglomeração, principalmente nos cumprimentos a Teich e Bolsonaro.
Quando o presidente e o novo ministro foram assinar o termo de posse, Teich chegou a se afastar de Bolsonaro ao posar para fotografias, mas foi puxado para um abraço, recebendo tapinhas no ombro. O chefe também conversou com ministros, auxiliares e procurador-geral da República, Augusto Aras, ao pé do ouvido, cobrindo a boca. Na chegada ao local, convidados também haviam ignorado orientações sanitárias e trocado apertos de mão.
Na véspera, Mandetta também escorregou na postura. Como revelou o colunista Lauro Jardim, ele chegou a fazer um dueto com uma servidora, cantando o samba “O que é, o que é”, de Gonzaguinha. A música não foi problema, mas o encontro, todos sem máscaras, e os abraços contrariam as próprias recomendações do ministério que acabara de deixar.