
Bolsonaro teria 200 votos contra impeachment na Câmara
Foto: Carolina Antunes/PR
Se encontrou forte apoio em parcela expressiva da sociedade, o pronunciamento de Sérgio Moro ao deixar o governo não foi suficiente para amolecer corações desde sempre arredios ao ex-juiz no Legislativo e no Judiciário. Um experiente líder político avalia ser essa aversão a Moro, em linhas gerais, um ativo de Jair Bolsonaro na luta contra eventual processo de impeachment a partir das acusações do ex-ministro e com o que se sabe até aqui. Assim, enquanto as investigações não avançam, o Planalto ganha tempo para buscar amparo no Congresso.
A relação da esquerda com Moro ainda é de ódio. É difícil imaginar parte da oposição apoiando com fervor uma ação capitaneado pelo ex-ministro.
As posições conservadoras de Moro e a prisão de Lula repelem a aproximação. Como ainda tem a simpatia de parte significativa do Centrão (deve ampliá-la, inclusive), dos evangélicos e do futuro Aliança, Bolsonaro, por baixo, teria hoje uns 200 votos para barrar o impeachment.
A questão é: não há votação de impeachment marcada para hoje, lembra um líder. Ou seja, as investigações têm de avançar e contar com a disposição do MPF e do Judiciário.
No Supremo, há ao menos meia dúzia de ministros que não gostariam de dar a Moro, o ex-juiz da Lava Jato, o gosto de derrubar Bolsonaro e ganhar ainda mais projeção, seja para chegar ao Planalto ou adentrar a Corte. Na PGR, Augusto Aras até agora não deixou clara sua linha de atuação.
O deputado Marcos Pereira, principal nome do Republicanos, disse à Coluna: “Aos que se arvoram grandes defensores das instituições, espero deles coerência. Bolsonaro chegou à Presidência pela soberana vontade popular. Temos de respeitar”.
A Coluna sugeriu erroneamente na edição de ontem haver uma vedação jurídica para que as testemunhas de um processo de impeachment (no caso, Moro) possam assumir vaga no STF. Como a nomeação de ministros passa por análise jurídica e pelo Senado, há, isso sim, um impedimento de natureza ética e política.
“Moro é uma figura que ficará registrada na história do Brasil. Um dos homens mais dignos e mais corretos que conhecemos”, diz o ex-senador Pedro Simon.