Congresso repudia pressão de Bolsonaro no STF

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução

A visita do presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), acompanhado do ministro da Economia, Paulo Guedes, e de empresários, ontem, não foi bem-vista pela grande maioria dos parlamentares que se posicionaram sobre o assunto. A principal crítica foi à pressão contra a Corte para que permita que o Planalto interfira nas medidas de isolamento adotadas por governadores e prefeitos diante da crise da covid-19.

Para o líder da Rede no Senado, Randolfe Rodrigues (AP), ficou claro que o presidente não respeita a Constituição e a autonomia dos Poderes. “Ele é o responsável pelo momento mais grave da pandemia, com mais de 8 mil mortos”, acusou. Na opinião da líder do PSol na Câmara, Fernanda Melchionna (RS), a visita mostrou que “os únicos sinais vitais que lhes interessa é o do lucro dos milionários empresários brasileiros”.

Alguns congressistas alegaram que o discurso de afrouxamento das medidas restritivas não é positivo nem para a economia. “Quanto mais ele desestimula o isolamento, mas ele estimula a curva de contágio, e mais atrasa a reabertura do comércio. No fim, é ele que está matando a economia”, disparou o líder do PDT no Senado, Weverton (MA).

Parlamentares próximos a Bolsonaro, entretanto, afirmaram que a preocupação com a economia é razoável. Defensor do fim do isolamento, o deputado Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro da Cidadania, chamou a quarentena de “inútil”.

Alguns setores da economia acreditam que é preciso avaliar caso a caso, mas consideram razoável o decreto assinado por Bolsonaro depois do encontro, no qual coloca indústria como atividade essencial. Comércio e serviços, por exemplo, demandam medidas parecidas. O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, acredita que “alguns lugares já poderiam abrir as portas”. “Mas a gente quer fazer isso com transparência, conhecendo a situação da saúde em cada local”, explicou.

Para ele, bares e restaurantes devem ser considerados serviços essenciais. “Não para que a gente possa liberar para todo mundo, porque varia de cidade para cidade, mas um decreto desse ajuda, por exemplo, para que os estabelecimentos não tenham água e luz cortadas”, frisou.

O presidente da Associação das Indústrias de Brinquedos, a Abrinq, Synesio Batista, que participou do encontro no STF, disse que a conversa foi feita a pedido de Bolsonaro. Ele afirmou, porém, que os empresários não apresentaram qualquer reivindicação à Corte. “A indústria não tem que pedir nada (ao STF). Nosso ambiente de relacionamento empresarial é com o Executivo, não é com a Corte máxima”, observou. Na avaliação do presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, as demandas só foram levadas até o Supremo porque Bolsonaro ficou “preocupado” com o relato dos industriais.

Correio Braziliense