Crivella quer chapa com militar na reeleição
Foto: Cléber Júnior / Agência O Globo
Em busca da reeleição, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), procura, para o posto de vice, um general que acumule experiência administrativa. A estratégia para chegar ao segundo turno, após uma contestada gestão à frente da cidade, passa pela vinculação ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pelo apoio do eleitorado bolsonarista.
Neste mês, o Tribunal de Contas do Município (TCM-RJ) apontou um rombo de R$ 4,24 bilhões na administração Crivella, com base em dados de 2019, ano em que a prefeitura enfrentou uma crise na área da Saúde, com atraso nos salários de servidores e falta de insumos e equipamentos em hospitais.
Embora Bolsonaro tenha dito que não fará campanha para candidatos a prefeito, Crivella busca vincular sua imagem à do presidente participando de agendas presenciais e virtuais com políticos bolsonaristas. Anteontem, fez uma live no Facebook com o senador Flávio Bolsonaro, que está filiado a seu partido.
Durante a campanha, o prefeito tentará participar de agendas ao lado de Flávio e do vereador Carlos Bolsonaro, também filiado ao Republicanos. Mas a participação dos filhos do presidente no palanque de Crivella ainda é incerta.
O prefeito delegou para o Aliança, que reúne parlamentares da legenda que Bolsonaro tenta fundar, a escolha do vice em sua chapa. No radar, estão generais da reserva filiados ao PRTB, mesmo partido de Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro.
Há uma alternativa ainda de se escolher um general da ativa, ainda não filiado a um partido político. Isso porque a legislação eleitoral exime militares de se filiarem seis meses antes da eleição — prazo que, para civis, já expirou.
— Para militares, basta o interessado ser escolhido nas convenções partidárias, que, este ano, por conta do coronavírus, serão feitas entre 31 de agosto e 16 de setembro. Escolhido, ele automaticamente se filia ao partido e pode disputar a eleição em novembro — explicou o advogado eleitoral Carlos Frota.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ressaltou que o militar não pode ser detentor de cargo no alto comando da corporação, o que envolve generais com quatro estrelas. E que, se eleito, ele é transferido para a reserva.
Na última pesquisa realizada pelo Datafolha, em dezembro, Crivella tinha a gestão reprovada por 72% dos entrevistados e perdia, nas pesquisas de intenção de voto, para o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) e para o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), que desistiu de concorrer.
Para Rodrigo Bethlem, estrategista de Crivella, a pesquisa está desatualizada e os índices de avaliação do prefeito melhoraram.
— A imagem do governo Crivella mudou da água para o vinho. Existe um reconhecimento da população de que a condução do prefeito, na pandemia, está sendo exemplar. A prefeitura nunca teve crise na Saúde. Do contrário, não poderia estar, hoje, doando respiradores para outros municípios que não tiveram condições de comprar. Sobre o rombo detectado pelo TCM, trata-se de uma herança maldita deixada pela gestão passada — avaliou.
Crivella, que pretendia polarizar os debates com Marcelo Freixo para escantear Paes, agora focará nas críticas ao ex-prefeito, a quem vê como principal adversário.