Agressor de delegado negro pede desculpas

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Foto: Reprodução

Pedro Henrique Martins Mendes, o morador do Lago Sul, de 35 anos, acusado de proferir ofensas racistas contra o delegado da Polícia Civil do DF Ricardo Viana, na noite da última sexta-feira (7/8), divulgou uma nota, por meio de sua defesa, em que pede desculpas pelo caso. Ele foi preso em flagrante, mas solto após pagar fiança.

No texto endereçado “ao senhor Ricardo, à sua filha, aos familiares e a todos os seres humanos”, o homem pede perdão. “O injustificável ato não é reflexo da educação, do amor e do respeito que recebi e que carrego como preceitos básicos”, diz.

Em outro momento, Pedro Henrique pede, novamente, desculpas. “Solidarizo-me com a dor causada a todos e, mais uma vez, peço desculpas!”

O texto, encaminhado pelo advogado Danilo Bomfim, termina assinado não apenas por Pedro Henrique, mas também pela família dele.

No final de semana, Pedro Henrique pagou fiança no valor de R$ 3.117, o equivalente a três salários mínimos, e poderá responder em liberdade desde que cumpra todos os requisitos da Justiça. Ele deve comparecer a todos os atos do processo, não se ausentar do DF por mais de 30 dias – a não ser que seja autorizado – e não mudar de endereço sem comunicação prévia às autoridades.

Pedro também está proibido de sair de casa entre as 20h e as 6h em dias úteis. Aos sábados, domingos e feriados, deve cumprir recolhimento domiciliar em regime integral, sendo, inclusive, monitorado eletronicamente.

A princípio, o homem usará tornozeleira eletrônica pelo período de 90 dias. Depois disso, deve comparecer à unidade responsável pela retirada do equipamento, caso a Justiça não determine que o prazo de monitoramento seja postergado.

A concessão de liberdade provisória foi proferida a todos os presos cujas liberdades estejam condicionadas ao pagamento de fiança, durante o estado de calamidade pública causado pela pandemia de Covid-19, com a imposição de medidas cautelares diversas da prisão, inclusive monitoramento eletrônico para aferição do cumprimento da cautelar de recolhimento domiciliar.

A ofensa aconteceu na noite de sexta-feira (7/8), no Mc Donald’s da QI 23 do Lago Sul. Viana estava com a filha de 15 anos dentro da lanchonete quando Pedro Henrique passou a insultá-lo gratuitamente, segundo o policial.

O delegado conta que deu voz de prisão ao agressor e que ele ainda tentou fugir, mas foi preso pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que deu apoio à ação. “Falou que iria me pegar, me chamou de macaco e viado. Arremessou um pé de sua chinela em minha direção”, narra.

No carro do homem, foram encontradas porções de maconha. O criminoso foi detido em flagrante e a ocorrência foi registrada na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul).

“Até o momento, não entendi por que tanto ódio em uma só pessoa, o pior é saber que este tem histórico de violência e já praticou fatos semelhantes com outros negros”, disse Viana, no dia das agressões.

Em vídeo, divulgado no dia seguinte ao ataque, o policial diz que está muito consternado e não poderia se calar neste momento. “Eu declaro a vocês que nós vivemos um racimo estrutural. O racismo está entranhado em todas as classes sociais e, eu, convivo com isso desde que eu sou menino. Todas as vezes que a gente vai galgando algum espaço na nossa sociedade, essa ferida é tocada.”

Metrópoles