Filha de Roberto Jefferson foi avisada de prisão e fugiu
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Assim como na primeira fase da Operação Cataratas, fonte do Ministério Público do Rio acreditam que pode ter havido vazamento da ação desta sexta-feira, dia 11, e, por isso, a ex-deputada federal Cristiane Brasil (PTB) não foi encontrada em casa, e o secretário estadual de Educação, Pedro Fernandes, já aguardava os policiais com um exame de Covid-19 para evitar ser preso.
O órgão instaurou um inquérito para apurar o vazamento de informação da primeira fase e, se comprovado vazamento, poderá novamente abrir um inquérito para apurar a responsabilidade de quem passou a informação para os suspeitos. Fontes do MPRJ ouvidas pelo GLOBO garantem que Cristiane foi avisada minutos antes da chegada dos investigadores à sua casa. Quando os agentes chegaram na casa dela, a cama estava desarrumada, o que demonstra que a sua saída foi rápida e repentina.
Para o MPRJ, os dois políticos são líderes do esquema criminoso que pode ter desviado mais de R$ 66 milhões dos cofres públicos. Segundo o promotor Cláudio Calo, todos os quatro pregões da Fundação Leão XIII — entre os de 2015 e 2018 — foram montados para que o empresário Flavio Salomão Chadud vencesse. Ainda de acordo com o promotor, as licitações eram fraudadas e superfaturadas para “pagar os políticos”.
— Em um primeiro momento, só apareciam nas investigações os empresários. Ao logo da investigação, chegamos ao núcleo político da organização criminosa, na qual participavam o secretário Pedro Fernandes e a ex-deputada Cristiane Brasil — destaca Calo.
Para o MPRJ, o esquema criminoso envolvendo Cristiane começou quando ela chefiou a Secretaria municipal de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida e, posteriormente, a Secretaria municipal de Proteção à Pessoa com Deficiência.
— A Sevlog tinha contrato com as pastas de Cristiane Brasil quando ela era secretária. Quando ela deixa o governo municipal, eles acham que é rentável levar o esquema criminoso para o estado. Então, ela apresenta o Chadud para o Pedro Fernandes. A partir daí, o esquema passa a ser colocado em prática no estado — afirma o promotor.
Ainda de acordo com o MPRJ, mesmo longe do município, Cristiane Brasil tinha influência nas licitações feitas por sua antiga pasta. Segundo um colocador, a ex-deputada recebia propina, por isso, o motivo para que a Justiça decretasse sua prisão preventiva.
— Existem provas documentais que ela pedia e recebia propina. E-mails e conversas que temos. A Cristiane recebia através de espécies – levados por duas assessoras – ou por pagamentos de aluguéis — diz Calo.
Segundo o promotor Paulo José Saddy, “havia uma necessidade no pedido de prisão de Cristiane” porque ela ainda tem forte influência na organizamos criminosa.
— No início de 2019, a Cristine Brasil foi a sede da Servlog e recebeu propina do Chabud — explica Saddy.
Após se tornar secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos durante o governo Cabral, Fernades passou a ter uma forte ligação com Chabud. Além disso, segundo as investigações, loteou a Fundação Leão XIII com indicados. De acordo com o MPRJ, na gestão de Fernandes, diversos contratos foram fraudados. Para se ter uma ideia, os investigadores acreditam que mais de R$ 116 milhões em licitações podem ter sido fraudulentos.
Os investigadores apontaram João Marcos Borges Mattos, conhecido como Gordinho ou Johnny, ex-diretor financeiro da Leão XIII, passou a ser o “homem da mala” e pagava diretamente a Fernandes propinas do projeto “Novo Olhar”.
— Pedro Fernandes instaurou um grupo criminoso dentro da Fundação Leão XII. Temos ciência que diversos projetos sociais foram fraudados. Essa é uma máfia fraudadora no estado e no município de projetos assistências para pessoas necessitadas — destacou Cláudio Calo.
O GLOBO apurou que um dos envolvidos no esquema criminoso, o empresário Marcus Vinicius Azevedo da Silva, o MV, sócio administrador da Rio Mix 10, em uma delação que está na Procuradoria Geral da República (PGR), citou o atual governador em exercício Cláudio Castro em um esquema criminoso da Leão XII.
Questionados se Castro foi investigado nesta fase da ação, os promotores Cláudio Calo e José Sally afirmaram que “ele não consta como investigado previamente”.
— Ele não figura como investigado nesta ação e caso o fosse, seria de atribuição do Gaocrim. Além disso, ele não foi objeto dessa investigação, porque não temos atribuição da nossa promotoria e não poderia fazer.