Russomanno bajula Bolsonaro para reverter histórico de derrotas

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução

Último entre os principais candidatos a definir a sua chapa na eleição de São Paulo, Celso Russomanno, do Republicanos, oficializou sua candidatura nesta quarta-feira com discurso afinado com as bandeiras do presidente Jair Bolsonaro.

O candidato não deixou claro se Bolsonaro o apoiará no primeiro turno, mas frisou que estará alinhado com o governo federal e procurou associar a sua candidatura às propostas do presidente.

Ele centrou seu discurso na área de segurança pública e prometeu implantar escolas cívico militares, projeto que é a menina dos olhos de Bolsonaro, em São Paulo. Além disso, também não deixou de lado a pauta de costumes, caras ao seu partido que é historicamente ligado à Igreja Universal. Afirmou que o escopo de sua campanha será “Deus, pátria e família”.

– Estaremos alinhados com o presidente. As pessoas podem falar muitas coisas de Bolsonaro e até não concordar com sua administração. Mas ninguém pode dizer que ele não é um patriota e que não está construindo um Brasil para todos – afirma Russomanno.- Teremos a melhor guarda civil, para auxiliar a polícia. Além disso, São Paulo vai ter o maior e melhor colégio militar. Porque das escolas militares saem bons brasileiros e patriotas.

Russomano também procurou se contrapor ao PSDB e mandou um recado ao governador João Doria, que trava embates com Bolsonaro, e que deixou a prefeitura um ano após ser eleito em 2016 para concorrer ao governo estadual sem terminar o mandato. Até hoje, Doria sofre rejeição na capital paulista em razão de ter deixado o cargo.

-Vou governar por quatro anos. Não abandonarei São Paulo de forma nenhuma – afirmou Russomanno.

Por fim, ainda flertou com o lavajatismo ao prometer combater à corrupção. Apesar disso,

Após uma série de articulações frustradas com PSL, PSDB e MDB, Russomano terá como vice o nome do ex-presidente da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil Marcos da Costa, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) de Roberto Jeferson.

Costa já havia realizado sua convenção no último dia 11 e ainda não há esclarecimentos sobre qual será a saída jurídica para que possa fazer parte da chapa. Uma das possibilidades seria a anulação da convenção da legenda.

Bolsonaro e aliados em campanha:entenda os movimentos em São Paulo e no Rio

Costa nunca disputou um cargo público. Seu nome foi definido em negociações nesta manhã na tentativa de tornar a candidatura de Russomanno mais competitiva e de aumentar seu tempo no horário eleitoral gratuito.

O candidato atribui derrotas anteriores à falta de recursos e tempo na telinha. Ele perdeu a disputa à prefeitura em 2012 e 2016, quando, em ambas as ocasiões, largou em primeiro lugar nas pesquisas e desidratou ao longo das disputas, ficando de fora do segundo turno.

Embora Bolsonaro tenha dito que não vai apoiar candidatos no primeiro turno da eleição, Russomanno aposta suas fichas no apoio do presidente, cuja popularidade está em alta após o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 durante a pandemia.

O presidente do Republicanos, Marcos Pereira, ponderou que, ainda que Bolsonaro tenha prometido não se envolver nas eleições municipais, a campanha de Russomanno é a única pela qual o presidente pode torcer.

Pereira reiterou que a gestão de Russomanno será parceira de Bolsonaro, num contraponto ao governador João Doria e do prefeito Bruno Covas, cuja relação com o governo federal tem sido marcada por um ambiente tenso.

-Estava com o presidente ainda ontem e ele (Bolsonaro) disse que ofereceu a possibilidade de criar as escolas cívico militares e o prefeito e governador não aceitaram. Se o povo quer, com Russomano teremos as escolas cívico militares – afirmou Pereira.

Em São Paulo, até terça-feira havia forte expectativa sobre uma possível reviravolta na eleição com uma eventual saída de cena de Joice Hasselman, do PSL, e sua troca por um militar na vice do Republicanos.

O presidente Jair Bolsonaro participou da articulação, mas não houve tempo hábil, além de haver forte resistência no PSL paulista. Russomanno se encontrou com Bolsonaro diversas vezes nas últimas duas semanas

A estratégia de emplacar um vice do partido ao qual já pertenceu Bolsonaro traria benefícios ao presidente em três frentes: tiraria o Republicanos da base de apoio do governador João Doria na Assembleia Legislativa de São Paulo – desgastando o tucano até a eleição presidencial de 2022 -, emplacaria uma candidatura competitiva na eleição da maior cidade do país, e, por fim, fortaleceria Marcos Pereira na disputa para substituir Rodrigo Maia na presidência da Câmara.

Russomanno chegou a tentar articulações para a vice de Bruno Covas (PSDB) e esteve com o governador João Doria na semana passada. Em seguida, tentou articulações ainda com o MDB. Por último, o candidato foi ao PSL, mas também não teve sucesso. Na reta final, a única composição possível foi com o PTB do deputado estadual Campos Machado, político experiente do legislativo paulista.

O Globo