Bolsonaro e presidente do México lucram ao minimizar pandemia
Foto: Xinhua e Pedro Ladeira/Folhapress
O jornal inglês Financial Times cita o presidente Jair Bolsonaro como um dos líderes populistas, junto ao presidente do México, López Obrador, que, contrariando as previsões, se beneficiou politicamente pela postura negacionista e por colocar a economia na frente da saúde na pandemia.
A publicação enfatiza que uma política que analistas previam ser desastrosa e com grande potencial de levar o presidente a uma fragilidade e possível queda no início da pandemia acabou por ter efeito rebote e fortalecer os dois líderes populistas. “Até 22 de setembro, mais de 137.000 brasileiros morreram de coronavírus, um número superado apenas pelos EUA. Mesmo assim, Bolsonaro está desfrutando de popularidade recorde”, diz a publicação, que afirma que Bolsonaro colhe dividendos ao minimizar o coronavírus e enfatizar a necessidade de manter a economia aberta. O jornal afirma que algo aprecido também ocorreu com o presidente mexicano Manuel López Obrador.
“Alguns acreditavam que a pandemia do coronavírus iria expor os líderes populistas – especialmente aqueles que preferem travar guerras culturais no lugar do árduo trabalho da boa governança. Políticos que vão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, receberam fortes críticas pela percepção de que não estão focados o suficiente na luta contra o vírus e tentaram reabrir suas economias rápido demais. Mas a experiência do Brasil e do México aponta para uma dinâmica diferente”, diz o jornal.
A recuperação da popularidade, acrescida a um resultado melhor do que o previsto inicialmente para a queda da economia, principalmente no Brasil, onde as previsões de decréscimo de 9,1% do PIB feitas pelo Fundo Monetário Internacional passaram para 5,7%, na estimativa do Bank of America, podem consolidar a recuperação dos líderes populistas no continente.
“Alguns especialistas temem que a pandemia seja parte de uma mudança mais ampla na política da América Latina. Depois de décadas em que os tecnocratas desempenharam um papel de destaque, a região parece estar voltando à sua longa tradição de líderes militares e populistas”, diz o jornal.