Russomanno pede dinheiro a empresários bolsonaristas
Foto: Claudio Belli / Agência O Globo
Líder na última pesquisa do Instituto Ibope em que aparece melhor entre os jovens, mais pobres e evangélicos, o candidato Celso Russomanno, do Republicanos, trabalha para abrir caminhos em outros segmentos e prepara uma ofensiva para atrair empresários bolsonaristas.
A campanha de Russomanno articula um jantar no início de outubro com nomes do empresariado que se alinharam ao presidente na eleição de 2018. A intenção é reunir Flávio Rocha, da varejista Riachuelo; Sebastião Bomfim, da Centauro; Meyer Nigri, da Tecnisa; Rubens Ometto, presidente do conselho de administração da Cosan, entre outros representantes de Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Colado na imagem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a campanha de Russomanno quer mostrar ao empresariado que com o apoio do governo federal poderá atrair mais investimentos para São Paulo para a retomada da geração de empregos. A ideia é se mostrar mais flexível na reabertura das atividades econômicas e contrapor a condução da crise da Covid-19 e as medidas de quarentena lançadas pelo prefeito Bruno Covas e pelo governador João Doria, ambos do PSDB.
Na área da economia, o candidato também não abre mão do receituário usado por Bolsonaro e pelo ministro Paulo Guedes ao prometer mais eficiência na administração pública, enxugamento de despesas, privatizações e a digitalização de processos com vistas a desburocratização.
Além disso, uma das propostas para tornar Russomanno mais palatável ao segmento seria escolher para a fazenda municipal um nome indicado por Paulo Guedes.
O presidente Bolsonaro havia prometido não se envolver no pleito, mas fez uma série de gestos na direção do Russomanno — o último deles foi convencer o PTB a se aliar ao Republicanos e aumentar o tempo de TV do seu aliado para torná-lo mais competitivo. No plano de governo de Russomanno, ainda em gestação, também há propostas que miram o setor imobiliário, a exemplo de investimentos na revitalização do Centro da capital paulista.
Um dos empresários simpáticos a Bolsonaro próximo a Russomanno e ao Republicanos é Flávio Rocha, cujo nome é cotado internamente na campanha para auxiliar na elaboração do plano de governo. A avaliação na campanha é de que é preciso trazer nomes de peso e evitar a desconstrução da imagem de Russomanno, conforme aconteceu nas disputas à prefeitura de 2012 e 2016, quando começou à frente nas pesquisas e desidratou após os ataques dos rivais.
Rocha foi candidato a presidente na última eleição pelo partido de Russomanno, o então PRB e que hoje usa o nome de Republicanos, assim como seu sobrinho Gabriel Kanner, que também concorreu a deputado federal pela sigla na ocasião, e que preside o Instituto Brasil 200 — grupo de empresários que aderiu a Bolsonaro na campanha presidencial. Na ocasião, se filiou ao Republicanos, ligado à igreja Universal. Antes de bater o martelo sobre sua chegada ao PRB, acertou os detalhes com Russomanno e teria gratidão pela recepção no partido. No entanto, Rocha também é simpático à candidatura de Filipe Sabará, do Novo.
Rocha e seu sobrinho preferiram não comentar o assunto, assim como Bonfim. Membro da Fiesp e presidente da Abrinq, que reúne os fabricantes de brinquedos, Synesio Batista da Costa afirma que o apoio de Bolsonaro oferece mais fôlego à candidatura de Russomanno:
— O Russomanno é um candidato aguerrido, um homem que sabe fazer política. E já sair com esse apoiamento do presidente é bom para São Paulo, acho que dá um gás para a candidatura — afirma Costa, que vê com olhar crítico a condução do governador João Doria na crise da Covid-19 e chegou a dizer numa reunião com Bolsonaro em Brasília que haveria “morte de CNPJs” se a indústria não voltar a trabalhar plenamente.