
PT pressiona Tatto a apoiar Boulos
Foto: Arquivo O Globo
Na reta final para o primeiro turno da eleição, candidatos a prefeito têm pregado o voto útil à direita e à esquerda com o intuito de irem ao segundo turno. A estratégia reúne apelos nas redes sociais, discursos com o objetivo de ampliar a rejeição a adversários e até um manifesto defendendo escolhas casadas em duas capitais.
Nesta terça-feira, em São Paulo, uma reunião aumentou a pressão sobre o candidato do PT, Jilmar Tatto — o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva espera que o petista faça um gesto a favor de Guilherme Boulos (PSOL), que aparece com chances de ir ao segundo turno contra o prefeito Bruno Covas (PSDB).
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, se reuniu com Tatto para discutir o futuro do partido na eleição para a prefeitura. O caminho defendido é que o candidato não desista formalmente de concorrer — já não é mais possível tirar o nome da urna eletrônica —, mas recomende o voto no candidato do PSOL.
Lula resolveu não intervir diretamente, mas deixou claro em conversas que espera esse gesto do candidato do partido, diante do mau desempenho nas pesquisas — 6%, segundo o Ibope. Petistas avaliam que a declaração de Tatto a favor de Boulos, que tem 14%, poderia criar um fato político para levar o candidato do PSOL para o segundo turno.
Um manifesto lançado ontem por artistas e intelectuais defende a união da esquerda em torno de Benedita no Rio e de Boulos em São Paulo. “Diante da situação, conclamamos eleitoras, eleitores, candidatas e candidatos que partilham o campo da esquerda que somem forças, façam campanha e apoiem o candidato e a candidata mais bem colocados nas pesquisas”, afirma o texto, assinado, entre outros, pelo cientista político André Singer, ex-porta-voz da Presidência no governo Lula, e pelo escritor Fernando Morais.
Com ou sem movimento do mundo político, a campanha do PSOL em São Paulo avalia que conseguirá se beneficiar do voto útil na reta final, mas Boulos, porém, não pretende empunhar a bandeira.
— É uma iniciativa de algumas pessoas da sociedade (o manifesto).
No Rio, Martha Rocha (PDT), que ganhou a adesão de Caetano Veloso, tenta concentrar os votos da esquerda para superar o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, e ir ao segundo turno contra Eduardo Paes (DEM). “Benedita (PT) em queda, Renata Souza (PSOL) idem e Bandeira de Mello (Rede) segue com seus 3%. Não dá para contar com a consciência dos partidos e, sim, de cada cidadão. Só há uma saída social democrata para acabar com a dobradinha Paes/Crivella”, publicou Martha, compartilhando um post de um apoiador.
Entre eleitores da esquerda carioca, no entanto, o acordo está distante. Na tarde de ontem, num tuitaço convocado por Benedita, seus apoiadores se dividiam entre os que repudiavam qualquer forma de voto útil e os que defendiam que essa escolha deveria ser, na verdade, a favor de Benedita. A própria petista contesta a estratégia de Martha ao afirmar que as candidaturas estão “emboladas”, sem favoritismo. Segundo o Ibope, Crivella, com 15% das intenções de voto, Martha, com 14%, e Benedita, com 9%, disputam uma vaga no segundo turno contra Paes, que aparece com 33%.
No campo político oposto, Crivella prega o voto útil contra a esquerda. Ele tenta angariar o apoio de eleitores de Luiz Lima (PSL), que se apresenta como bolsonarista, e do próprio Paes, a quem vê como principal oponente e que, segundo a campanha de Crivella, tem simpatia de parte do eleitorado conservador. O prefeito postou um vídeo em que o deputado federal Otoni de Paula (PSC) mostra uma foto de Paes ao lado do ex-senador Lindbergh Farias (PT) e afirma que “Eduardo é o candidato do Lula” e da “pior parte da esquerda”.
— Muitos eleitores ainda não sabem que o prefeito é o candidato do Bolsonaro — avalia Gutemberg Fonseca, responsável pela campanha digital de Crivella.
Em São Paulo, o campo é disputado por Celso Russomanno (Republicanos) — apoiadores têm repetido que a reeleição do prefeito Bruno Covas (PSDB) fortalece o projeto político do governador João Doria (PSDB), adversário do presidente Jair Bolsonaro. A campanha avalia que o voto bolsonarista está espalhado entre os candidatos Arthur do Val (Patriota), Andrea Matarazzo (PSD), Joice Hasselmann (PSL), Levy Fidelix (PRTB) e até de Márcio França (PSB), que tem um forte discurso de oposição a Doria.
— Quero que dizer uma coisa para você que é fã do presidente Bolsonaro. A disputa agora é de direita e de esquerda. Se eu não for para o segundo turno, todos os que estão aí são de esquerda ou centro-esquerda — disse Russomanno em uma transmissão ao vivo.
O candidato do PSB, por sua vez, tem se colocado como o nome com mais chances de derrotar Covas — nos cenários de segundo turno, é o que aparece mais próximo ao prefeito, que vence em todas as disputas projetadas. França também tenta angariar apoio do eleitorado que rejeita Doria e, por isso, teria a tendência de não conferir um segundo mandato a Covas.
A liderança de Manuela D’Ávila (PCdoB) nas pesquisas em Porto Alegre e um quadro indefinido sobre seu possível adversário num segundo turno dita o jogo nesta reta final de campanha. Seus oponentes vêm tentando conquistar a preferência do eleitorado que rejeita a esquerda, enquanto miram os votos do prefeito Nelson Marchezan (PSDB), candidato à reeleição. A alegação é parecida: de que as projeções indicam a derrota do atual prefeito num eventual segundo turno contra Manuela.
Segundo o Ibope, a candidata do PCdoB tem 27% das intenções de voto, enquanto Marchezan e Sebastião Melo (MDB), com 14%, e José Fortunati, com 13%, estão empate técnico na segunda posição.
Melo e Fortunati têm veiculado propagandas em que afirmam serem os únicos capazes de derrotar Manuela na próxima etapa da eleição, eliminando a chance da volta do PT e do PCdoB ao poder — os partidos estão coligados.
— Aqueles que não querem eleger a Manuela, se colocarem o Marchezan no segundo turno, estão dando a eleição para a Manuela, porque em todos os cenários ele perde para ela. Então, quando eu digo voto útil, são aqueles que não querem eleger a Manuela e querem alguém que no segundo turno possa derrotá-la —afirma Melo.
Já em Belo Horizonte, onde as pesquisas apontam a reeleição do prefeito Alexandre Kalil (PSD) em primeiro turno, a candidata do PSOL, Áurea Carolina, tem insistido em uma campanha para forçar uma segunda rodada — o que, no cenário atual, dependeria de Kalil perder apoio.
Nas redes sociais, ela já afirmou que “voto útil é o que garante o segundo turno” e que “não ter segundo turno é uma perda para a democracia”. Segundo o Ibope, Kalil tem 62% das intenções de voto, seguido por João Vitor Xavier (Cidadania), com 7%, Áurea, que aparece com 5%, e Bruno Engler (PRTB), com 4%.
A candidata afirma que seu posicionamento em relação ao segundo turno representa uma postura “crítica”:
—Estamos falando do destino da cidade, de problemas gravíssimos que não foram solucionados. O segundo turno pelo menos mostraria à população que há contradições que precisam ser exploradas.
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