Bolsonaro criticou vacina do Butantan 10 vezes

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Foto: André Coelho/AFP

A CoronaVac, vacina contra a Covid-19 que começa a ser distribuída nesta segunda-feira pelo Ministério da Saúde para todo o país, já foi alvo de diversos ataques do presidente Jair Bolsonaro. O imunizante ficou no centro de uma disputa política entre Bolsonaro e governador de São Paulo, João Doria, responsável pelo acordo que trouxe a vacina para o Brasil.

O Instituto Butantan, vinculado ao governo de São Paulo, desenvolve a CoronaVac em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. O governo federal, por outro lado, fez um acordo, por meio da Fiocruz, para produzir a vacina da Universidade de Oxford e da farmacêutica AstraZeneca.

Nos últimos seis meses, Bolsonaro criticou as circunstâncias do acordo do Butantan, disse que o governo federal não compraria a vacina e minimizou a eficácia do imunizante. Confira a lista:

Inicialmente, Bolsonaro começou a ironizar a CoronaVac de forma velada, exaltando o acordo feito pelo governo com a Universidade de Oxford. Em julho, durante uma transmissão ao vivo, ressaltou que o imunizante comprado não era “daquele outro país”:

— Se fala muito da vacina da Covid-19. Nós entramos naquele consórcio lá de Oxford. Pelo que tudo indica, vai dar certo e 100 milhões de unidades chegarão para nós. Não é daquele outro país não, tá ok, pessoal? É de Oxford aí — disse o presidente.

Em agosto, durante uma cerimônia no Palácio do Planalto, voltou a exaltar o acordo da Fiocruz e minimizar o do Butantan, dizendo que o primeiro envolvia a transferência de tecnologia:

— E o que é mais importante nessa vacina, diferente daquela outra que um governador resolveu acertar com outro país, vem a tecnologia pra nós.

O tom subiu em outubro, quando o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou um acordo para a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac. No dia seguinte, em um comentário no Facebook, Bolsonaro chamou o imunizante de “vacina chinesa de João Doria” e afirmou que não seria comprado.

No mesmo dia, durante evento em São Paulo, reforçou que havia mandado cancelar o acordo.

— Já mandei cancelar, o presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade — disse Bolsonaro.

Para prestigiar Pazuello, que havia sido desautorizado publicamente, o presidente visitou o ministro, que na época estava infectado com a Covid-19. Pazuello minimizou o desentendimento e disse que “um manda, o outro obedece”.

A justificativa de Bolsonaro para se opor ao acordo era de que o governo não poderia comprar uma vacina antes do registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) porque a população brasileira não seria “cobaia de ninguém”. Entretanto, um dia depois de determinar o cancelamento, o presidente chegou a afirmar, em uma entrevista, que não compraria nenhuma vacina com origem na China, porque o país teria um “descrédito muito grande”.

— A da China nós não compraremos, é decisão minha. Eu não acredito que ela transmita segurança suficiente para a população — disse. — A China, lamentavelmente, já existe um descrédito muito grande por parte da população, até porque, como muitos dizem, esse vírus teria nascido por lá.

No fim do mês, dirigiu-se a Doria durante uma transmissão e disse a ele para procurar “outro para pagar a tua vacina”:

— Ninguém vai tomar a sua vacina na marra não, tá ok? Procura outro. E eu, que sou governo, o dinheiro não é meu, é do povo, não vai comprar a vacina também não, tá ok? Procura outro para pagar a tua vacina aí.

Em novembro, a disputa política continuou e Bolsonaro chegou a comemorar quando os testes da CoronaVac no Brasil foram suspensos, após a morte de um dos voluntários. Mesmo sem detalhes sobre a circunstância da morte — a Anvisa posteriormente concluiu que não havia relação com os testes —, Bolsonaro afirmou que a vacina poderia causar “morte, invalidez, anomalia” e disse que era uma vitória sua.

“Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, escreveu.

Com a conclusão do testes, em dezembro, o alvo do presidente passou a ser a eficácia da vacina. Antes do Instituto Butantan divulgar os dados, Bolsonaro afirmou, em uma transmissão, que “a eficácia daquela vacina em São Paulo parece que está lá embaixo”.

Em janeiro, mesmo após o Ministério da Saúde ter assinado um contrato de compra da CoronaVac, Bolsonaro seguiu o ironizando o imunizante. Depois do Instituto Butantan divulgar que a taxa de eficácia era de 50,38%, o presidente disse a um apoiador:

— Essa de 50% é uma boa?

Na sexta-feira, minutos antes do Ministério da Saúde requisitar ao governo de São Paulo todas as doses da CoronaVac, o presidente afirmou em uma entrevista que João Doria estava “desmoralizado pela baixa taxa de sucesso na sua vacina”.

Após a aprovação da CoronaVac pela Anvisa e o início da vacinação em São Paulo, no domingo, Bolsonaro ainda não se pronunciou.

O Globo 

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