Metade da inflação de janeiro vem de gás e gasolina
Foto: Reprodução/ CNN
Puxado pela gasolina e pelo gás de cozinha, que estão no centro da polêmica sobre os preços da Petrobras, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou janeiro em 0,25%. Trata-se do maior índice desde 2019, apesar de ser a menor variação de agosto. Em 12 meses, o acumulado foi de 4,56%. Os números foram divulgados nesta terça-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A expectativa de analistas consultados pela Reuters era de que o índice ficaria em 0,31%.
Em janeiro do ano passado, o IPCA ficou em 0,21%, enquanto em 2019 o índice foi de 0,32%. Já o acumulado em 12 meses ficou em 4,19% e 3,78%, respectivamente.
Segundo o IBGE, a gasolina foi o item que mais teve impacto de alta na inflação do mês passado. Só o combustível representou alta de 0,11 ponto do índice que subiu 0,25%. Outro item importante foi o gás de cozinha, que contribuiu com 0,04 ponto. Somados, os dois combustíveis que estão no centro da polêmica sobre os preços da Petrobras contribuíram com mais da metade da inflação do mês passado. Esse peso grande da gasolina e gás de cozinha acontece porque são dois preços muito importantes na cesta de itens pesquisados mensalmente pelo IBGE. Proporcionalmente, esses dois preços têm peso grande na composição do índice. Em janeiro, a gasolina aumentou 2,17% e o gás de cozinha teve aumento de 3,19%.
Também contribuíram positivamente para o avanço automóvel novo (0,04 p.p.), lanche (0,03 p.p.) e frutas (0,03 p.p.). Já na lista de recuos estão o leite longa vida (-0,03 p.p.), transporte por aplicativo (-0,02 p.p.), passagem aérea (-0,11 p.p.) e energia elétrica residencial (-0,26 p.p.).
Já dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta em janeiro. A maior variação (1,02%) veio do grupo Alimentação e bebidas — apesar de ter desacelerado em relação a dezembro, quando avançou 1,74% —, seguido por Transportes (0,41%) e dos Artigos de residência (0,86%).
Os itens de alimentação para consumo no domicílio, que tinham subido 2,12% em dezembro, variaram 1,06% em janeiro, resultado influenciado especialmente pela alta menos intensa das frutas (2,67%) e pela queda no preço das carnes (-0,08%). As variações desses dois itens em dezembro tinham sido de 6,73% e 3,58%, respectivamente.
Por outro lado, os preços da cebola (17,58%) e do tomate (4,89%), que haviam recuado no mês anterior, subiram em janeiro. Além da carne, o leite longa vida (-1,35%) e o óleo de soja (-1,08%), que acumulou alta de 103,79% em 2020, contribuíram para arrefecimento do segmento.
Já o grupo Habitação caiu em relação ao mês anterior (-1,07%). Os demais grupos ficaram entre o recuo de 0,07% em Vestuário e a alta de 0,39% em Despesas pessoais.
No que diz respeito aos índices regionais, apenas duas das 16 áreas pesquisadas apresentaram variação negativa. O menor resultado ficou com o município de Goiânia (-0,17%), influenciado pela queda de 7,53% na energia elétrica. Já o maior índice foi registrado no município de Campo Grande (0,53%), onde pesaram o aumento da gasolina (2,42%) e da taxa de água e esgoto (4,90%).
A projeção dos analistas do mercado financeiro para o IPCA de 2021 subiu para 3,60%, ante 3,53% e 3,34% há uma semana e há um mês, respectivamente. Essa é a quinta alta consecutiva na estimativa. Os números são do Boletim Focus do Banco Central, divulgado na segunda-feira (8). O documento reúne a estimativa de mais de 100 instituições do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos.
A expectativa para a inflação está um pouco abaixo do centro da meta de 3,75% para este ano. A meta é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e tem uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixa. Ou seja, o IPCA pode ficar entre 2,25% e 5,25%. Para perseguir a meta, o BC eleva ou reduz a taxa básica de juros, a Selic, atualmente na mínima histórica, a 2% ao ano.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de janeiro teve alta de 0,27%, enquanto, em dezembro, havia registrado 1,46%. Em 12 meses, o índice acumula alta de 5,53%, acima dos 5,45% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2020, a taxa foi de 0,19%.
Os produtos alimentícios subiram 1,01% em janeiro enquanto, no mês anterior, haviam registrado 1,86%. Já os não alimentícios apresentaram alta de 0,03%, após registrarem 1,33% em dezembro.
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