Bolsonaro ameaça Petrobras para agradar caminhoneiros

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Foto: Miguel Schincariol/AFP

A ameaça de Jair Bolsonaro de trocar o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, diz mais sobre os medos do presidente do que sobre a gestão da companhia de petróleo. Castello Branco manteve a orientação que vinha do governo Temer de alinhar os preços dos combustíveis no mercado interno com a variação internacional. Isso tem a vantagem de dar rentabilidade à companhia, que tira petróleo dos campos de pré-sal do litoral fluminense gastando em reais e cobra pelo preço em dólares do barril em Londres. O problema é para quem enche o tanque.

Só neste ano, o litro do diesel subiu 27%, atingindo o público bolsonarista mais volátil de todos, os caminhoneiros. Bolsonaristas radicais de primeira hora, os caminhoneiros estão há meses pressionando o governo contra as seguidas altas no óleo diesel e ameaçando uma greve similar à de 2018, que parou o país e quebrou a retomada da economia.

Numa escala de zero a dez de medos, Bolsonaro teme mais uma nova greve de caminhoneiros do que a prisão de seus filhos. Uma nova greve geral, avaliam ministros generais, poderia dar ao país um caldo de desgoverno que, somado com o fim do Auxílio Emergencial e a falta de vacinas contra Covid, acabariam com o mito Bolsonaro.

Os serviços de inteligência do governo têm compartilhado alertas de possíveis paralisações para as próximas semanas, o que motivou Bolsonaro a outro movimento arriscado, zerar por dois meses a cobrança de PIS, Cofins e CIDE no óleo diesel. É uma medida cara e de pouca valia. Custará R$ 1,5 bilhão por mês e vai reduzir o litro de diesel de R$2,58 para R$2,40.

Roberto Castello Branco tornou-se persona non grata no Palácio do Planalto por minimizar a sua responsabilidade sobre o futuro do governo acionista majoritário da empresa que preside. Em um evento do banco Credit Suisse, em 28 de janeiro de 2021, Castello Branco disse que o problema dos caminhoneiros é excesso de oferta. “Não se trata de um problema da Petrobras”. Conforme relatou o Poder360, Bolsonaro acha que Castelo Branco “desdenhou” dos caminhoneiros e cometeu “improbidade administrativa” por não se preocupar com os efeitos da política de preços na sociedade.

Na quinta-feira, 18, em transmissão via Facebook, Bolsonaro ameaçou que haveria “consequências” na Petrobras. Disse o presidente: “Você vai em cima da Petrobras, ela fala ‘opa, não é obrigação minha’. Ou como disse o presidente da Petrobras, há questão de poucos dias, né, ‘eu não tenho nada a ver com caminhoneiro, eu aumento o preço aqui, não tenho nada a ver com caminhoneiro’. Foi o que ele falou, o presidente da Petrobras. Isso vai ter uma consequência, obviamente (…) Eu não posso interferir na Petrobras, nem iria interferir na Petrobras. Se bem que alguma coisa vai acontecer na Petrobras nos próximos dias. Você tem que mudar alguma coisa.”

Na terça-feira, Castello Branco seria reconduzido à presidência da Petrobras num ato burocrático, mas que depois da ameaça de quinta-feira virou uma interrogação. Nesta sexta-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, fiador da indicação de Castello Branco, tentava convencer Bolsonaro a um acordo. As ações da companhia caiam mais de 5%.

Bolsonaro se colocou em uma situação perigosa. Se demitir o presidente da Petrobras, acabará com a credibilidade da empresa e o dólar vai subir, ampliando os efeitos nos custos dos combustíveis. Se não fizer nada, vai assistir a novos aumentos de preços, pois com a frente fria no Texas, a tendência é de uma alta nos preços internacionais no curto prazo. No médio prazo, a retomada da economia americana tende a fazer o preço do petróleo subir. Portanto mesmo que o governo federal zere os impostos sobre combustíveis, não tem como baixar o preço na bomba dos postos.

A única solução seria queda no valor do dólar, o que poderia ocorrer se a economia retomasse com a volta do Auxilio Emergencial, o Ministério da Saúde em coordenação com os estados fizesse uma campanha de vacinação efetiva e um combate real à Covid-19 e o Congresso aprovasse algumas reformas econômicas, com as PECs de controle de gastos. Mas para isso seria necessário o governo Bolsonaro funcionar. Parece ser mais fácil o presidente gerar crises.

Em 2018, Bolsonaro incentivou o monstro das manifestações dos caminhoneiros. Agora paga o preço de ser refém da categoria.

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