Sudeste asiático se mobiliza para redemocratizar Mianmar

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Foto: STRINGER / REUTERS

Membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) pressionaram, nesta terça-feira, a junta militar que governa Mianmar desde o golpe de Estado no início de fevereiro. Entre os pedidos feitos estão a libertação da líder deposta Aung San Suu Kyi e o fim do uso de força letal contra os oponentes do golpe. Nesta terça, novos atos ocorreram pelo país, com registros de mais violência por parte da polícia.

Os ministros das Relações Exteriores da Asean conversaram com um representante da junta em uma videochamada dois dias após o dia mais sangrento de agitação desde que os militares derrubaram o governo eleito de Suu Kyi. Pelo menos 21 pessoas foram mortas desde o golpe, que o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong, disse em uma entrevista à BBC ter sido um “trágico” passo para trás para Mianmar.

— Ter que voltar e ter os militares assumindo novamente é um enorme e trágico passo para trás para eles. Porque não há futuro assim. Usar força letal contra civis e manifestantes desarmados, acho que simplesmente não é aceitável — disse Lee na entrevista, de acordo com uma transcrição.

A ministra das Relações Exteriores da Indonésia, Retno Marsudi, que tem pressionado por um esforço diplomático regional, incentivou Mianmar a “abrir suas portas” ao bloco da Asean para resolver a crescente tensão.

Falando a repórteres em Jacarta, Marsudi pediu a libertação dos presos políticos e a restauração da democracia, ao mesmo tempo que prometeu que os países da ASEAN não quebrariam sua promessa de não interferir nos negócios uns dos outros.

— Devemos buscar a restauração da democracia nos trilhos. A Indonésia sublinha que a vontade, o interesse e as vozes do povo de Mianmar devem ser respeitados — disse ela.

A Asean agrupa Mianmar, Singapura, Filipinas, Indonésia, Tailândia, Laos, Camboja, Malásia, Brunei e Vietnã. O esforço do bloco para se envolver com os militares de Mianmar foi criticado por defensores da democracia, com um comitê de legisladores depostos de Mianmar declarando a junta um grupo terrorista e dizendo que o envolvimento da Asean lhe daria legitimidade.

Além disso, os opositores ao golpe enxergam com desconfiança a promessa dos militares de convocar novas eleições, pois mesmo que isso aconteça, significaria anular os resultados do pleito de novembro, no qual o partido de Suu Kyi, a Liga Nacional pela Democracia (LDN) saiu como grande vitorioso.

O ministro das Relações Exteriores da Malásia, Hishammuddin Hussein, também pediu a libertação imediata de Suu Kyi e de outros detidos, acrescentando que, se a situação piorasse, seria um revés para a paz, estabilidade e prosperidade regional.

No entanto, uma reunião de cúpula da Asean realizada, nesta terça-feira, mostrou que as negociações não serão tão fáceis. Discordâncias no interior do bloco e a resistência dos militares birmaneses estão entre os problemas.

— São precisos dois para dançar o tango. As boas intenções e prontidão da Asean não terão sentido se Mianmar não abrir suas portas — ressaltou Marsudi.

Além dela, os chanceleres de Singapura, Malásia e Filipinas pediram a libertação de presos políticos, incluindo Suu Kyi, durante o encontro, uma posição que não foi endossada por todos. A reunião “informal” foi a primeira envolvendo o grupo de 10 nações desde o golpe e incluiu a ministra das Relações Exteriores de Mianmar nomeada pelos militares, Wunna Maung Lwin.

Entre as recomendações feitas na reunião, Marsudi disse que uma força-tarefa da Asean poderia fornecer assistência humanitária em Mianmar. Enquanto isso, o diplomata-chefe da Malásia, Hishammuddin Hussein, propôs que um grupo de especialistas do bloco pudesse examinar as supostas discrepâncias encontradas na eleição de novembro vencida por Suu Kyi.

Centenas de manifestantes, muitos deles usando capacetes e escudos improvisados, se reuniram, nesta terça-feira, atrás de barricadas em diferentes partes em Yangon, capital econômica de Mianmar, para entoar slogans contra o golpe antes que a polícia disparasse granadas e usasse gás lacrimogêneo para dispersá-los.

Não houve relatos de feridos em Yangon, mas quatro pessoas ficaram feridas na cidade de Kale, no Noroeste, onde a polícia disparou munição real para dispersar uma multidão depois que os manifestantes atiraram objetos contra o avanço dos policiais, disseram testemunhas.

— Eles estavam agindo como se estivessem em uma zona de guerra — disse um professor, que não quis ser identificado, no protesto sobre a polícia.

Também nesta terça-feira, centenas de pessoas se reuniram em um pequeno cemitério de Yangon para o funeral de uma das vítimas de domingo, Nyi Nyi Aung Htet Naing, que morreu após levar um tiro no estômago. Horas antes de sua morte, Nyi Nyi Aung Htet Naing postou uma mensagem nas redes sociais: “De quantos cadáveres a ONU precisa para agir?”

— Não haverá perdão para vocês até o fim do mundo — gritou a multidão, ao redor do caixão coberto de flores do estudante de 23 anos.

Os militares justificaram o golpe dizendo que suas queixas de fraude nas eleições de novembro foram ignoradas. No entanto, a comissão eleitoral afirmou que a votação foi justa. O líder da Junta, general Min Aung Hlaing, em declarações lidas na televisão estatal por um apresentador, afirmou que os líderes do protesto e “instigadores” seriam punidos.

Suu Kyi apareceu em uma audiência por meio de videoconferência na segunda-feira e parecia estar bem de saúde, disse um de seus advogados. Ela não é vista publicamente desde o golpe. Por enquanto, quatro acusações pesam sobre ela: importação ilegal de walkies-talkies, desrespeito às restrições sanitárias de combate ao coronavírus, violação de uma lei de telecomunicações e incitamento à desordem pública.

O Globo 

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