CNN se defende de críticas de chanceler porra-louca
Foto: Charles Sholl/Brazil Photo Press/Folhapress
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, utilizou argumentos infundados em uma publicação no Twitter para rebater uma reportagem da CNN americana sobre as mortes por Covid-19 no Brasil e as ações do presidente Jair Bolsonaro no combate à pandemia.
Na reportagem da CNN americana, o especialista Dennis Carroll culpou a política de governo do presidente Jair Bolsonaro pelo descontrole da doença no Brasil, alegando falta de liderança. Ele fez uma comparação das ações de Bolsonaro com Donald Trump, ex-presidente americano.
Em sua publicação, Ernesto Araujo afirmou: “A CNN entende tudo errado sobre o Brasil e a Covid. Aqui estão os fatos: após uma decisão do Supremo Tribunal de abril de 2020, os governadores dos estados – não o presidente – têm, na prática, toda a autoridade para estabelecer/gerir todas as medidas de distanciamento social”, publicou o chanceler, que elencou ainda outros tópicos falando sobre investimentos e medidas do governo Bolsonaro contra a Covid-19”.
CNN gets it all wrong on Brazil and Covid.
Here are the facts:•After a Supreme Court ruling of April 2020, State Governors -not the President- have, in practice, all authority to establish/manage all social distancing measures.
•President Bolsonaro sent US$ 98 billion to…> pic.twitter.com/JDtNUqlIii
— Ernesto Araújo (@ernestofaraujo) March 10, 2021
A postagem de Ernesto foi desmentida pelo próprio ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que (em inglês) também usou o Twitter para rebater Ernesto. “FAKE NEWS! A verdade é que o Supremo Tribunal Federal decidiu que as administrações federal, estadual e municipal têm competência para adotar medidas de distanciamento social. Todos os níveis de governo são responsáveis pelo desastre que enfrentamos”, escreveu o ministro.
FAKE NEWS! Here is the real fact: the Brazilian Supreme Court ruled that Federal, State and Municipal administrations have the authority to adopt social distancing measures. All levels of Government are accountable for the disaster we are facing. https://t.co/KY8dB2xbsz
— Gilmar Mendes (@gilmarmendes) March 11, 2021
Em janeiro deste ano, sem citar o presidente, o STF já havia reagido a declarações de Jair Bolsonaro (sem partido) que, durante o colapso do sistema de saúde em Manaus, culpou a Corte pela ausência de atuação direta do governo federal no combate à pandemia da Covid-19 em estados e municípios.
Em nota na ocasião, a Secretaria de Comunicação Social da Corte negou que o tribunal tenha proibido o Planalto de agir para conter a disseminação da doença. “É responsabilidade de todos os entes da federação adotarem medidas em benefício da população brasileira no que se refere à pandemia”, diz o texto.
Ernesto Araújo também afirmou no Twitter que o governo federal enviou US$ 98 bilhões (cerca de R$ 550 bilhões) para auxiliar os estados no sistema público de saúde. Segundo o Portal da Transparência, o governo gastou R$ 416 bilhões no total em 2020 no combate à pandemia. Aos estados, foi repassado o montante de R$ 60,1 bilhões em MP assinada por Bolsonaro em ações contra a Covid-19.
Os governadores já haviam questionado anteriormente os números divulgados pelo governo em ajuda aos estados na pandemia.
Nessa quarta-feira (10), o Brasil bateu recorde de mortes diárias por Covid-19, com mais 2.286 vítimas da doença, segundo o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde).
O recorde era desta terça-feira (9), quando 1.972 óbitos entraram na contagem.
Com a atualização, o Brasil ultrapassou 270 mil vítimas da doença. Ao todo, 270.656 brasileiros morreram em decorrência da infecção pelo novo coronavírus.
O país tem a segunda maior contagem de mortes pelo vírus em todo o mundo, atrás somente dos Estados Unidos.
O Conass também registrou mais 79.876 casos, totalizando 11.202.305.
No começo da manhã desta quinta-feira (11), o chanceler respondeu ao ministro do Supremo. “Por favor, leia de novo: depois da decisão da Suprema Corte quer dizer ‘como consequência da’ e não ‘como diz literalmente (a decisão)'”, afirmou Araújo. “E eu disse ‘na prática’, indicando os efeitos na vida real da decisão. Na prática, os governadores tomaram as decisões e o governo federal pagou as contas.”
Read again please
I said “after a Supreme Court ruling” meaning “as a consequence of”, not “as literally stated in”.
And I said “in practice”, indicating the real-life effect of the ruling.
In practice, governors have taken all the measures they wanted & the Fed gov pays the bill https://t.co/ePGRxhD1Rj— Ernesto Araújo (@ernestofaraujo) March 11, 2021
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