Guedes diz que economia precisa de vacinação em massa
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
O ministro da Economia, Paulo Guedes, classificou o auxílio emergencial como “um instrumento muito efetivo” e defendeu a vacinação em massa para que “38 milhões de brasileiros [os ‘invisíveis’] possam trabalhar para ganhar a própria vida”. Ele também agradeceu ao Congresso pela aprovação da PEC Emergencial, promulgada na segunda-feira, disse que as novas lideranças do Congresso ajudaram a “destravar a pauta de reformas”. Guedes afirmou, ainda, que não irá “cair na armadilha” de aumentar impostos.
As afirmações foram feitas em entrevista exclusiva à CNN, com o âncora Márcio Gomes e o analista político Igor Gadelha, gravada na segunda-feira (15). Veja abaixo alguns dos principais tópicos abordados pelo ministro.
“Eu queria começar agradecendo o Congresso. Acabo de ter a informação de que o Congresso promulgou a PEC Fiscal. Isso era importante porque, como você diz, a coisa começa com o auxílio emergencial, que foi um instrumento muito efetivo. Nós protegemos 64 milhões de brasileiros durante a primeira grande onda da pandemia, e nós temos que agora renovar os esforços, porque essa tragédia continua entre nós.”
“É importante deixar claro para todo mundo que é a política que dispara essas ondas de reformas. Nós tínhamos que esperar justamente a troca de comando na Câmara dos Deputados e no Senado para podermos encaminhar [as reformas]”.
“O que vem pela frente? Vacinação em massa. Porque os 38 milhões de invisíveis, que nós descobrimos, são pessoas que têm que trabalhar de manhã para comer à noite. Então, elas precisam dessa vacinação, porque está indissociável a economia da saúde. Economia e saúde andam juntos, são indissociáveis. Então, se nós quisermos que esses 38 milhões de brasileiros possam trabalhar para ganhar a própria vida, eles têm que ser vacinados. A vacinação em massa é um passo indispensável, porque ela permite que haja uma redução dramática do desemprego informal.”
“Já queria ter vacinado. Já queria ter vacinado. Eu acho ótimo. Sou candidato a vacinar, quero me vacinar.”
“Considerando todos os fatores, nós temos um Congresso reformista. Ele já avançou com a reforma da Previdência, fizemos a cessão onerosa. Nós estamos fazendo muita coisa que estava parada. Eu acho que nós temos conseguido um coeficiente de 70% de aprovação das medidas que mandamos. 70% parece um número razoável, incluindo o fogo amigo. O que é satisfatório para fazer a economia se mover.”
“A [reforma] administrativa está pronta para ser aprovada. Ela é uma reforma leve e suave. Como eu disse, ela já conseguiu, para os três níveis da Federação, economizar uns R$ 140, R$ 150 bilhões em salários, que nenhuma reforma administrativa teria potência para fazer isso em tão curto tempo. E, ao mesmo tempo, em nível federal, ela permite uma economia de outros R$ 300 bilhões.”
“A [reforma] tributária é um pouco mais complexa, e justamente nós não queriamos cair na armadilha que estava preparada para fazer aumento de impostos. Nós estamos há 40 anos aumentando os impostos no Brasil. Toda vez que há um déficit, nós aumentamos os impostos.
O nosso raciocínio na tributária foi exatamente o seguinte: a economia brasileira teve dois anos de recessão, em 2015 e 2016, ou seja, a base de arrecadação caiu bastante. Tivemos de novo em 2017, 2018 e 2019, um crescimento de 1%, 1,3%, 1,4%. È um crescimento baixo, ou seja, continua reprimida a arrecadação. Então, seria um contrassenso, baseado nesse déficit que está lá, você tentar aumentar os impostos para fechar o déficit.
Muitos críticos, inclusive, despreparados, estavam reclamando o tempo inteiro, que nós devíamos estar aumentando os impostos, porque tem um déficit, etc. Despreparados porque você não deve aumentar impostos no meio de uma recessão. Se não, você agudiza a recessão.”
“O que nós dissemos ao presidente é que isto tem um custo econômico pesado. Então, resultado: se o objetivo era baixar o preço do combustível, o que aconteceu com isso [a troca do presidente da Petrobras] foi que os mercados começaram a subir o câmbio, a Petrobras perdeu valor, e o presidente mesmo falou: ‘Mas, peraí, eu quero fazer isso organizadamente’.
Aí, mostrou-se ao presidente que tem contratos, e o presidente, o CEO da Petrobras, na verdade, que é o Castello Branco, não terá seu contrato renovado. Por quê? Quer se mexer nessa governança? Isso é uma questão em aberto aí para o futuro. Vamos ver como esse novo presidente da Petrobras vai enfrentar esse problema ali na frente.”
“A Lava Jato não foi uma ficção. Aconteceram uma porção de coisas. Pode ter tido arbritrariedades de um lado, ou do outro, mas a verdade é que bilhões foram devolvidos. Se bilhões foram devolvidos, bilhões foram roubados. Tem diretor da Petrobras que devolveu US$ 100 milhões. Muita coisa aconteceu e, realmente, tinha uma grande liderança política à frente disso tudo.”
“Eu acho que daqui até o fim do governo –ao contrário do que está sendo dito, que vai ser cada vez mais difícil, porque a base do governo é instável… Eu acho o contrário. Eu acho que o governo ficou dois anos para montar sua base de sustentação parlamentar. E justamente ela acaba de destravar a pauta de reformas.”