Laudo aponta morte violenta de enteado do vereador Dr. Jairinho, do Rio
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A Polícia Civil investiga a morte de um menino de 4 anos, na madrugada desta segunda-feira (8), na Barra de Tijuca, Zona Oeste do Rio.
Henry Borel Medeiros era enteado do vereador Jairo Souza Santos, conhecido como Dr. Jairinho (Solidariedade).
Em entrevista ao RJ2 nesta quarta-feira (17), o pai do menino, o engenheiro Leniel Borel de Almeida, disse que o vereador e a mãe da criança, Monique Medeiros da Costa Almeida, contaram que ouviram um barulho de madrugada e encontraram o menino desacordado em casa.
Levado ao hospital, Henry não resistiu. A TV Globo conseguiu o laudo que afirma que a criança já deu entrada no hospital sem vida e apresentava:
múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores;
infiltração hemorrágica na região frontal do crânio, na região parietal direita e occipital, ou seja, na parte da frente, lateral e posterior da cabeça;
edemas no encéfalo;
grande quantidade de sangue no abdome;
contusão no rim à direita;
trauma com contusão pulmonar;
laceração hepática (no fígado);
e hemorragia retroperitoneal.
O documento informa que a causa da morte foi hemorragia interna, laceração hepática causada por uma ação contundente.
Ainda de acordo com o RJ2, Dr. Jairinho e a mãe da criança chegaram para prestar depoimento como testemunhas às 14h30 desta quarta, na 16ª Delegacia, na Barra da Tijuca.
Na chegada, o casal não falou. Os advogados do vereador também não deram declarações.
Ao jornal “Extra”, Dr. Jairinho enviou uma nota não qual disse “estar triste”, “sem chão” e “suportando a dor graças ao apoio da família e dos amigos”.
“As autoridades apuram os fatos, e vamos ajudar a entender o que aconteceu. Toda informação será relevante. Por isso, acho prudente primeiro dizer na delegacia a dinâmica dos fatos, até mesmo para não atrapalhar os trabalhos desenvolvidos”, informou o vereador na nota.
Nove peritos ouvidos pelo RJ2 dizem que, pelo exame de necropsia, dá para afirmar que Henry morreu por uma ação violenta. Eles analisaram o laudo elaborado pelo Instituto Médico Legal (IML) sobre Henry Borel.
Para Talvane de Moraes, perito aposentado, o documento mostra que o menino teve múltiplas lesões pelo corpo.
“A necropsia mostra lesão no crânio, no estômago, no fígado, nos rins e várias equimoses, populares manchas roxas”, afirma.
O perito legista Carlos Durão disse que “é evidente, com as experiências que temos, que se trata de uma morte violenta”.
“Agora, uma queda de uma altura baixa – é pouco provável que esteja na origem dessas lesões traumáticas que observamos aqui. Em acidentes de trânsito, com muito mais energia, nós observamos esses tipos de lesões”, afirmou Durão.
O perito ainda complementou: “Mas acontece que há outras lesões, fígado grave, no rim, pulmão, sangue no abdômen, então, não foi só na cabeça”. “A morte dessa criança veio por uma série de lesões universais que provocaram a morte.”
Alguns peritos analisaram o documento desde que fosse mantido o anonimato. Eles descartaram que um acidente dentro do quarto, como uma queda da cama, possa ter provocado os ferimentos de Henry.
Em seu depoimento à polícia, Leniel, que é pai do menino, disse que passou o fim de semana com o filho e o deixou no condomínio onde morava a mãe, por volta das 19h deste domingo (7). Segundo o engenheiro, os dois passearam em um shopping e assistiram a TV juntos.
Leniel contou que às 4h30, quando se preparava para ir a Macaé, onde trabalha, recebeu uma ligação de Monique, pedindo que fosse até o Hospital Barra D’Or. O pai de Henry disse que ela falou que o menino estava sem respirar.
“Meu filho brincou, comeu, se divertiu. Nosso final de semana foi maravilhoso. Poderia falar até perfeito, se não fosse o final.”
Ainda segundo ele, ao chegar à unidade de saúde, encontrou com a ex-mulher, de quem está separado desde setembro, e Dr. Jairinho.
Leniel disse que eles contaram que o menino teria feito um barulho estranho durante a madrugada e, quando foram até o quarto ver o que estava acontecendo, viram a criança com os olhos revirados e já com dificuldade de respirar.
Ainda segundo Leniel, Monique disse que fez respiração boca a boca no filho até chegarem ao hospital.
“Cheguei no hospital e vi o médico em cima do coração do menino perguntando para a mãe o que tinha acontecido. Falaram que houve um barulho, ela foi ver lá o que estava acontecendo e quando chegou lá o menino estava revirando o olho com dificuldade de respirar. Então assim, o menino está tendo um ataque cardíaco. Teve um ataque cardíaco, alguma coisa.”
Perguntado se o vereador, que é médico, fez algum procedimento para reanimar a criança, Leniel contou que eles teriam recebido a informação de que deveriam se encaminhar ao hospital pela proximidade.
Leniel também disse ao RJ2 que, quando deixou Henry em casa, o filho não tinha ferimentos. Afirmou também que não viu mais a ex-mulher depois do encontro no hospital.
“Eu já pensei que poderia ser um ou outro. Machucaram meu filho, e, pelo que tá no laudo do IML [Instituto Médico Legal], parece que o menino foi machucado. Eu não consigo entender, entendeu? A cama era baixa, então não tem como qualquer tipo de acidente numa cama baixa, entendeu? Eu não esperava isso que aconteceu”, disse o pai.
“Desde o primeiro processo lá no hospital, né?, que ele foi embora e até o enterro do meu filho, ele [Dr. Jairinho] botou uma assessora. Eu só falei com a assessora, não falei com o Jairinho. Depois do enterro, não tive mais contato.”
No final da entrevista, o pai se emocionou:
“Ele era tudo pra mim. Eu daria tudo o que eu tenho hoje por mais um dia com meu filho. Só mais um dia”.
Em nota de pesar, o Colégio Marista, onde Henry estava matriculado, lamentou a morte da criança em decorrência de “acidente doméstico”.
O comunicado diz que o menino deixará saudade e que, aos 4 anos, cativou professores e coleguinhas, por sua “doçura, sensibilidade e inteligência”.
Nesta quarta, o colégio explicou que “familiares de Henry” é que informaram que o menino havia sido vítima de um “acidente doméstico”.