Extrema-direita alemã desencadeia onda de crimes

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Foto: John MacDougall/AFP

A Alemanha registrou um aumento no número de crimes por motivações políticas no ano de 2020, sendo a extrema direita o principal expoente, atingindo o maior índice desde 2001, afirmou o ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, nesta terça-feira, 4.

Os crimes cometidos pela extrema direita cresceram 6% em relação a 2019 e atingiram a marca de 23.064 casos, sendo metade deles cometidos por motivações políticas, o maior número desde que a contagem começou a ser realizada. Ainda de acordo com o ministro, crimes violentos ultrapassaram os 3.300 casos, incluindo 11 assassinatos e 13 tentativas de homicídio.

“Esses números são extremamente preocupantes porque representam uma nova tendência que vem sendo estabelecida nos últimos anos. Com a pandemia, ainda, foi possível observar uma nova polarização nas discussões políticas”, disse.

A proximidade das eleições, marcadas para setembro, tem levantando o receio no governo alemão de que atos criminosos como a de 6 de janeiro, no Capitólio dos Estados Unidos, possam acontecer. A inteligência alemã teme que as questões envolvendo a pandemia da Covid-19 possam servir de estopim para atos violentos por parte da extrema direita do país.

Em março, o partido de direita radical Alternativa para a Alemanha (AfD) foi colocado sob vigilância pelo Escritório Federal de Proteção à Constituição. A decisão foi tomada depois de dois anos de investigações sobre atividades e discursos com teor xenofóbico.

Segundo Seehofer, os crimes por motivação política representam apenas 1% do total ocorrido no país, porém esses novos números representam uma clara tendência. Em fevereiro de 2020 nove pessoas foram mortas em dois bares frequentados por imigrantes na cidade de Hanau. De acordo com a polícia, o atirador comprou as armas de forma legal e mantinha um site no qual expunha suas ideias, que misturavam ideias racistas e teorias da conspiração.

Nesta terça-feira, um homem de 53 anos foi acusado pela promotoria alemã de enviar cartas de ódio a figuras públicas utilizando a sigla “NSU 2.0”, que faz referência a gangue neonazista National Socialist Underground, responsabilizada pela morte de oito turcos, um grego e uma policial alemã entre 2002 e 2007.

Recentemente, o governo já havia levantado preocupação com a extensão do problema. Um relatório feito pelo governo alemão indicou a presença da extrema direita nas forças de segurança do país. Os dados, segundo Seehofer, eram motivo de “vergonha”, mas não representavam um “problema estrutural”, principalmente pelo indicativo de que menos de 1% do contingente se enquadrava.

Desde o fim da Segunda Guerra, a Alemanha reprime o extremismo com firmeza – o uso de símbolos e expressões do nazismo é proibido, negar fatos ocorridos durante o regime de Adolf Hitler é ilegal e a incitação ao ódio é punida com até cinco anos de prisão. Nada disso, porém, vem sendo suficiente para impedir um avanço extremista.

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