Bolsonaro expulsa MBL do Patriota

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Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) ameaçam deixar o Patriota caso o partido confirme a filiação do senador Flávio Bolsonaro (RJ) e o convite ao presidente Jair Bolsonaro. O grupo se juntou à sigla em 2019, controla o diretório municipal de São Paulo e pretendia lançar o deputado estadual Arthur do Val como candidato ao governo paulista no ano que vem.

Conhecido pelo seu canal do Youtube “Mamãe Falei”, Arthur do Val ficou em quinto lugar na disputa pela prefeitura de São Paulo no ano passado, com cerca de 500 mil votos. Ele descarta a possibilidade de seguir no Patriota se a família Bolsonaro desembarcar no partido. Em entrevista ao GLOBO na última terça, o presidente da legenda, Adilson Barroso, confirmou a filiação de Flávio e disse que espera uma resposta de Bolsonaro em até 15 dias.

— A gente vê com muita tristeza (a chegada de Flávio). Em nenhum momento a gente vai conciliar com eles. Isso não existe. Eu prefiro sair da política do que compor com esses caras. Não existe nenhuma possibilidade, zero — diz Arthur do Val.

Após apoiar Bolsonaro em 2018, o MBL rompeu com o presidente e chegou a assinar um pedido de impeachment.

Agora, o grupo espera uma definição da Justiça para decidir o futuro. Após a filiação de Flávio, na segunda-feira, o vice-presidente da sigla, Ovasco Resende, acionou, com o seu grupo político, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Eles acusam Barroso de ter cometido uma série de irregularidades para obter a maioria, fazer mudanças no estatuto e favorecer a entrada do grupo de Bolsonaro.

Na última terça-feira, o ministro do TSE Edson Fachin negou o pedido e encaminhou o caso à Justiça comum.

— O que posso garantir é que não vamos ficar calados. O Adilson quer que a gente fique e apoie o Bolsonaro. Vai ter muita resistência e judicialização — diz o vereador Rubinho Nunes, de São Paulo.

Um dia após a filiação de Flávio, o Patriota já começou o expurgo dos descontentes. A primeira baixa foi Gabriel Azevedo, vereador de Belo Horizonte e crítico de Bolsonaro. Numa carta, o presidente do partido em Minas Gerais afirmou que a “atitude beligerante” do vereador contra Bolsonaro e seus filhos pode “comprometer as relações políticas” da legenda.

— Não vejo como um problema, não. Na verdade estou muito feliz. Eu aceito a justificativa com muita tranquilidade, e passo a exercer minha vida pública sem minha filiação partidária — disse o vereador.

A aproximação com Bolsonaro provocou debandadas em outros partidos que costuravam a filiação do presidente, antes do convite formal do Patriota. No PMB, renomeado “Brasil 35”, cerca de dois mil filiados ligados ao Guerreiros do Axé, um coletivo do movimento negro, saíram da legenda e se filiaram ao PDT. Paulo Guimarães, ex-presidente do PMB de São Paulo e porta-voz do Guerreiros do Axé, afirma que a negociação entre Sued Haidar, presidente nacional da sigla, e Bolsonaro foi a “gota d’água”.

Um movimento semelhante ocorreu em 2018 no PSL, quando o grupo liberal Livres deixou o partido presidido por Luciano Bivar após Bolsonaro e seus aliados desembarcarem na legenda.

O Globo