FBI pode ajudar CPI a interrogar Weintraub
FOTO: MARCOS CORRÊA/PR
Em entrevista ao Metrópoles, o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19,senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que o ex-assessor da presidência da República Arthur Weintraub pode ser ouvido pelos senadores por intermédio do FBI. O advogado está nos Estados Unidos.
O requerimento para convocar Arthur Weintraub foi aprovado no fim de maio. O irmão do ex-ministro da Educação entrou na mira da CPI da Covid-19 após o Metrópoles publicar reportagem e vídeos que indicam a participação dele em um “ministério paralelo” de assessoramento ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a pandemia do novo coronavírus.
“Nós temos que ver a forma legal de ouvi-lo. Se a gente não conseguir trazê-lo dos Estados Unidos, vamos ouvi-lo lá através do FBI”, afirmou Aziz. O presidente da CPI da Covid-19 disse que outra possibilidade é enviar senadores para uma oitiva em solo americano.
No fim de semana, Arthur Weintraub divulgou vídeo em que nega a existência de um “gabinete paralelo”. Na gravação, no entanto, ele admite conselhos a Bolsonaro e diz ter sido escolhido pelo presidente para fazer uma “ponte” entre o Palácio do Planalto e cientistas que estudam possíveis tratamentos para a Covid-19.
“Quantos filhos ficaram órfãos, quantas mulheres perderam o marido… e o pessoal brincando de política pública sanitária no Brasil?”, criticou o presidente da CPI da Covid.
Omar Aziz falou sobre as expectativas para o novo depoimento do Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, no Senado. Para o presidente da comissão, o atual comandante da pasta precisa esclarecer se tem, ou não, autonomia para escolher integrantes da equipe e definir políticas de combate à Covid-19.
“Ele disse que tinha autonomia. E foi provado que ele não tem quando ele não conseguiu nomear a [infectologista] Luana [Araújo]”, afirmou Aziz. O senador também antecipou que espera explicações sobre a manutenção da médica Mayra Pinheiro, conhecida como “Capitã Cloroquina”, no cargo de Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.
O presidente da CPI também disse que quer saber o motivo de a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) ainda não ter se posicionado sobre o uso da cloroquina. “Ele [Queiroga] disse que não podia se posicionar porque a Conitec não tinha se posicionado. Ele foi na primeira semana da CPI, nós estamos na sexta. É mais de um mês. Tem que explicar”, lembrou Aziz.
Omar Aziz criticou as campanhas publicitárias lançadas pelo Ministério da Saúde sob o comando de Queiroga. “Eles falam de distribuição de vacina e, de uma forma acanhada, pedem para usar máscara e álcool em gel”, disse.
O novo depoimento do ministro da Saúde está previsto para esta terça-feira (8/6).
O presidente da CPI da Covid-19 avaliou que a reconvocação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello “não tem mais importância”. Na entrevista, Omar Aziz citou o vídeo publicado pelo Metrópoles que revelou que o Bolsonaro ouviu, no dia 8 de setembro de 2020, um grupo de médicos com ressalvas explícitas à aplicação de vacinas contra a Covid-19.
“O mundo já não falava mais de imunização de rebanho, não falava mais de tratamento precoce. E ainda estavam tratando desse assunto. E não tinha ninguém do Ministério da Saúde”, pontuou. Para Aziz, a gravação deixa claro que o ex-ministro “era aquele cara que o que mandavam ele fazer ele obedecia”. “Até porque ele não entende absolutamente nada de saúde”, completou.
Autor de pedido para que o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeite a ação de governadores contra as convocações aprovadas pela comissão, Omar Aziz defendeu que eles “têm que falar”. “Eles vão ter que dizer o que eles fizeram com os recursos dos estados, mas também falar sobre os boicotes que receberam, quais foram as orientações do Ministério da Saúde”, argumentou.
Na entrevista, Aziz também falou das críticas de quem tem recebido, dos impactos da CPI da Covid-19 e da realização da Copa América no Brasil.