CPI recusa depoimento virtual de empresário bolsonarista
Foto: Sforza Holding/Divulgação
A CPI da Pandemia não vai aceitar que Carlos Wizard preste depoimento de forma virtual, conforme solicitado pelos advogados do empresário em petição enviada à comissão nesta segunda-feira. “Não terá depoimento virtual”, informou Omar Aziz à reportagem, por telefone, após reunião com integrantes do chamado G7.
Carlos Wizard informou que está nos Estados Unidos desde o dia 30 de março de 2021 “acompanhando tratamento médico de familiar, nos Estados Unidos da América”.
Ele alega que a oitiva não será comprometida pelo fato do depoimento ser realizado de maneira remota.
Na ausência de Wizard, a comissão estuda adotar medidas judiciais. “Se ele não comparecer vamos requerer medidas para a autoridade judicial”, afirmou o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues. Nesta segunda, em entrevista à CNN, Omar Aziz já havia afirmado que a condução coercitiva é uma das opções à disposição do colegiado.
Wizard é apontado pelos senadores como suposto integrante do gabinete paralelo, responsável por aconselhar o presidente da República, Jair Bolsonaro, em questões relacionadas à pandemia. Ele chegou a atuar, informalmente, como uma espécie de auxiliar no ministro da saúde, por cerca de 30 dias.
O formato de oitivas por videoconferência sempre foi rejeitado pela cúpula da comissão. A resistência em ceder à pressão dos depoentes é uma forma de evitar precedentes e, com isso, abrir espaço para que os depoimentos saiam do meio presencial para o virtual.
No mês passado, o ex-ministro da saúde, Eduardo Pazuello, chegou a oferecer à CPI que seu primeiro depoimento na comissão fosse feito de forma remota, após ele ter tido contato com duas pessoas que testaram positivo para a COVID-19.
CPI não vai recorrer ao STF
Também ficou acertado na reunião entre o grupo majoritário da CPI que a comissão não vai recorrer das decisões tomadas pelos ministros do Supremo que suspenderam as quebras de sigilo determinadas pela CPI.
O que o comando da CPI vai fazer é aditar a petição inicial enviada à Corte, ou seja, adicionar informações complementares que embasem melhor as razões pelas quais a CPI pretende quebrar os sigilos. Até o momento, quatro quebras de sigilo foram suspensas pelo STF.
O ministro Luís Roberto Barroso acolheu os argumentos de Flavio Werneck, ex-assessor de relações internacionais do ministério da saúde e da ex-diretora do departamento de ciência e tecnologia Camile Sachetti.
No fim da noite desta segunda, o ministro Nunes Marques também suspendeu as quebras do ex-secretário executivo da pasta, Elcio Franco, e de Helio Angotti Neto, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.