Prefeita de contagem costura aliança entre PT e prefeito de BH

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Foto: Janine Moraes/Valor

O PT tem buscado formar uma frente ampla de partidos de esquerda e de centro para concorrer às eleições de 2022. Em Minas Gerais, um dos principais alvos é uma aliança com o PSD, do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, para apoiá-lo na campanha ao governo do Estado e obter seu apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva para presidente. Kalil e o atual governador, Romeu Zema (Novo), lideram as pesquisas eleitorais no Estado.

Na avaliação da prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), o partido não deve perder tempo e tem de fazer uma aliança com Kalil o mais rápido possível, em vez de lançar candidatura própria, que é uma tradição do partido. “O PT deveria se aproximar dele, obviamente numa relação de reciprocidade, com Kalil apoiando nosso candidato a presidente”, afirmou Marília. A prefeita disse que a disputa n Estado deve ser polarizada entre o prefeito da capital e Zema.

Pesquisa Atlas feita entre 1 e 6 de junho apontou Zema com 35,5% das intenções de voto e Kalil com 32,9%. A pesquisa tem margem de erro de três pontos, o que coloca os dois em empate técnico.

O PT apresentou recentemente o deputado federal Reginaldo Lopes como pré-candidato ao governo do Estado, após recomendação de Lula. “Minas está muito polarizada. Acho que não deveríamos vacilar. A gente deveria apoiar Kalil, obviamente se ele apoiar Lula. Se não, a gente lança candidato”, afirmou Marília. A prefeita citou como possíveis candidatos o deputado federal Patrus Ananias e a deputada estadual Beatriz Cerqueira, além de Lopes.

A prefeita considera que há uma quebra de resistências ao PT, principalmente depois que Lula foi solto e teve condenações anuladas. “A presença do Lula fortalece a nossa disputa nos Estados e a disputa proporcional. E aquela rejeição que o PT tinha de buscar aliados inclusive começou a enfraquecer”, observou. Marília disse que o partido tem filiado novas pessoas e há aproximação de outras legendas para possíveis alianças, como PSB, PSD, MDB e PTB.

A prefeita acrescentou que, dependendo do nível de polarização da campanha em 2022, é possível a formação de uma ampla frente de centro esquerda para concorrer com Bolsonaro. “Aí cabe PSDB, cabe todo mundo. Vai ser a direita versus uma frente de centro esquerda. Agora se isso vai se traduzir em todos os Estados é outra história”, afirmou.

Em relação à quebra de resistências, Marília cita o público evangélico, que se opôs a candidatos petistas na eleição passada. “Existiu muito nessa campanha evangélicos contra o PT. Agora estou tendo muito diálogo com as igrejas evangélicas para a flexibilização do funcionamento na pandemia”, afirmou. Marília disse que setores da igreja que não a apoiaram na campanha, como a Igreja Quadrangular, fizeram recentemente uma doação à prefeitura de 2 mil cestas básicas para distribuir para a população mais pobre. “Começa a ocorrer uma reaproximação desse público”, afirmou Marília.

Contagem, com 668.949 habitantes, é a maior cidade governada pelo PT. Na última eleição, o partido venceu em 183 cidades. Além de Contagem, o PT elegeu em Minas a prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão, e o prefeito Daniel Sucupira, em Teófilo Otoni.

Mineira de Ouro Branco, Marília foi eleita prefeita de Contagem pela terceira vez, em 2020, com 51,35% dos votos válidos. Ela foi vereadora em 2000, prefeita em 2004 e 2008 e deputada estadual em 2014. Marília foi eleita no momento de pior resultado do PT no Estado. “Enfrentei toda a oposição dos que se articulavam por valores, por questões políticas. O que garantiu a vitória foi minha história com a cidade, que é um legado petista”, disse.

Além de enfrentar os desafios do combate à pandemia de covid-19, a prefeita precisou solucionar uma crise na saúde causada pelo Instituto de Gestão e Humanização (IGH), responsável pela gestão do Hospital Municipal, do Centro Materno Infantil e das cinco unidades de pronto atendimento de Contagem. O IGH deixou de pagar fornecedores e funcionários, acumulando uma dívida de R$ 30 milhões. Na semana passada, Marília determinou o afastamento do IGH da gestão e assumiu a administração das unidades de saúde.

Outro desafio enfrentado foi o fechamento do Centro de Consultas Especializadas, por decisão da gestão anterior. O centro realizava 15 mil consultas por mês. “Tivemos que improvisar para descentralizar o atendimento, mas devemos ter uma solução definitiva até agosto”, disse a prefeita.

Apesar das dificuldades, Contagem realizou nos dias 17 e 18 um mutirão para vacinar pessoas de 50 a 55 anos contra a covid-19. A cidade acumula desde o início da pandemia 37.622 casos de covid-19 e 1.633 óbitos confirmados. A taxa de ocupação de leitos de terapia intensiva (UTI) está atualmente em 76% e a ocupação de leitos de enfermaria é de 46%.

Na área de educação, a prefeita citou como desafio tornar a estrutura adequada para o ensino a distância. A prefeitura lançou edital para a locação de 4,8 mil notebooks para uso compartilhado por educadores e estudantes das escolas municipais.

Valor Econômico