Doria critica e xinga Aécio e o acusa de negociar com Bolsonaro
Foto: Jorge William / Agência O Globo
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disparou uma série de ataques ao deputado federal Aécio Neves (MG), seu colega de partido, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira. O paulista, que disputará a prévia que escolherá em novembro o candidato da sigla à Presidência da República, chamou o mineiro de “covarde” e “pária dentro do PSDB” ao comentar a votação da PEC do voto impresso na Câmara.
Doria ainda defendeu que Aécio peça afastamento da legenda por causa das denúncias de corrupção que enfrenta.
— Aécio Neves tem a síndrome da derrota. E começou a sua pior derrota naquele triste telefonema para um empresário aqui de São Paulo pedindo propina. Eu entendo que pessoas que pedem propina a empresário do meu partido deveriam se afastar — afirmou o governador paulista.
Em 2017, o empresário Joesley Batista, da JBS, entregou à Procuradoria-Geral da República a gravação de um diálogo em que Aécio lhe pedia R$ 2 milhões.
Doria já defendeu o afastamento de Aécio do PSDB, mas a executiva do partido rejeitou a proposta.
— Antes que o partido pedisse a sua expulsão, ele deveria ter a dignidade de se afastar do PSDB. Faça a sua defesa. Se for inocentado, volta.
Na visão do governador paulista, a atitudade de Aécio pode ser comparada com a sua abstenção na votação da PEC do voto impresso neste mês.
— Ele não teve essa grandeza (de se afastar) e não teve a grandeza agora porque trabalhou a sua bancada, se é que podemos chamar assim, para votar a favor de Bolsonaro contra a democracia. E na hora do vamos ver, se abasteve. Foi um covarde mais uma vez.
Indagado sobre a fala de Aécio de que se Doria for candidato a presidente levará o PSDB ao isolamento e transformará a legenda em nanica, o governador partiu novamente para o ataque:
— Que autoridade tem Aécio Neves para falar isso? Nenhuma. Ele é um pária dentro do PSDB e tem a síndrome da derrota. Terei o prazer de vencer aqueles que pensam como Aécio Neves e dever de estar ao lado dos que defendem o PSDB como Fernando Henrique Cardoso.
Doria também acusou o deputado de fazer acordos com Bolsonaro.
— Não me entreguei a Bolsonaro. Não faço acordos com Bolsonaro, não me reúno no Palácio da Alvorada, nem no Palácio do Planalto com o presidente Bolsonaro como faz Aécio Neves. Não negocio emendas na calada da noite com Bolsonaro para defendê-lo depois na Câmara. Eu apenas lamento que ele esteja no mesmo partido do que eu.
No domingo, o GLOBO mostrou como a votação da PEC do voto impresso expôs um núcleo de deputados do PSDB que aderiram ao bolsonarismo. Um dos motivos para a proximidade com o governo federal são as emendas parlamentares.
Durante o programa, Doria ainda voltou a chamar o presidente Jair Bolsonaro de “psicopata”. Também afirmou que a inteligência da polícia de São Paulo identificou riscos de ataques a prédios públicos de Brasília em manifestações a favor do governo marcadas para dia 7 de setembro. Segundo o governador, a identificação foi feita através do monitoramento das redes sociais de bolsonaristas de São Paulo.
O governador ainda falou que não acredita que Bolsonaro aceitará se reunir com governadores para tentar diminuir a tensão entre os poderes, como foi proposto pelos chefes dos executivos estaduais nesta segunda-feira.
Doria também afirmou na entrevista que considera o governo Bolsonaro pior do que o de Dilma Rousseff (2011-2016).
— Dilma fez um péssimo governo e o Bolsonaro conseguiu ser pior.
Sobre a provável saída do ex-governador Geraldo Alckmin, seu padrinho político, do PSDB, Doria afirmou ter proposto a ele que disputasse o Senado ou as prévias da sigla no estado. Também tentou mostrar conformismo com mudança de sigla do antigo aliado.
— Gosto e continuarei a gostar dele mesmo que ele vá para outro partido.
Ainda sobre o PSDB, o governador de São Paulo afirmou que o senador Tasso Jereissati (CE) desistiu de participar das prévias que definirão o candidato à Presidência, marcadas para novembro. Até o fim da noite desta segunda-feira, o partido não havia sido comunicado oficialmente sobre o assunto.
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