Consultoria de risco prevê forte ameaça à democracia brasileira

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Foto: Arthur Menescal/Especial Metrópoles

A ansiedade do brasileiros, gostem ou não do governo federal, está em alta, à espera do que vai acontecer no próximo dia 7 de setembro, em uma vitória do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em agendar o debate público. Mesmo com acontecimentos do feriado da Independência, porém, nada indica que a conjuntura pode melhorar, sob qualquer perspectiva, segundo avaliação da empresa de consultoria Control Risks. A companhia faz análise de risco em todos os continentes e tem dito a seus clientes que o panorama brasileiro é incerto. “E empresários e investidores não gostam de trabalhar em cenário de incerteza”, afirma Mário Braga, analista sênior da companhia, em entrevista ao Metrópoles.

Os níveis de polarização e instabilidade política devem continuar a subir no país, ainda que os atos de 7 de setembro ocorram de maneira “majoritariamente” pacífica, conforme o parecer de Braga. Para o especialista, além da deterioração política, problemas com impacto direto na vida das pessoas deverão se impor e empurrar Bolsonaro ainda mais para a radicalização.

“O contexto é de baixa popularidade do presidente, de queda nas intenções de voto em pesquisas eleitorais, aliado a um cenário de aumento da inflação, desemprego em patamares elevados e crise energética que pode se agravar”, enumera. “A percepção do eleitorado em relação ao presidente também deve ser afetada negativamente com a pandemia e com os desdobramentos da CPI da Covid-19, em termos de corrupção, que era uma das grandes bandeiras dele”, completa o analista, explicando a razão do horizonte para os próximos meses ser de pessimismo.

“Temos uma variável que chamamos de ‘ansiedade social’, que deve persistir até a eleição. Também há uma insatisfação de parte importante do eleitorado em relação ao presidente. Ao mesmo tempo, Bolsonaro perde apoio incondicional do setor empresarial, do mercado financeiro, que não vê os avanços que gostaria no Congresso – outro lugar onde o governo está desarrumado, perdendo”, analisa ainda Mário Braga, que é analista líder da Control Risks para o Brasil, com responsabilidades adicionais cobrindo o Cone Sul em geral.

O analista avalia ainda que, sobre os atos em si, há riscos operacionais e de segurança para empresas que atuam perto de onde as manifestações vão se concentrar.

“Os riscos são especialmente elevados nas proximidades de onde os protestos devem ocorrer, como a Avenida Paulista, o Largo da Batata e o Vale do Anhangabaú, em São Paulo; a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes, em Brasília; e a Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro”, afirma ele. “Apesar de o cenário mais provável não contemplar confrontos violentos entre apoiadores e críticos do governo, há riscos de episódios isolados de violência e vandalismo”, completa.

A expectativa pela participação, em grande volume, de servidores das forças de segurança – potencialmente armados – nos atos também é apontada por Braga como agravante da conjuntura. “Esse cenário eleva as ameaças de segurança, especialmente para instituições que têm sido alvo frequente de ataques do presidente e de seus aliados, como o STF e o Congresso”, alerta o especialista.

Metrópoles  

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