Flávio Dino chama Bolsonaro de “subversivo” e pede providências
Foto: Reprodução
Para o governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB-MA), já não há mais o que esperar para remover Jair Bolsonaro (sem partido) do Palácio do Planalto. Questionado por Caio Barbieri sobre o que seria a proverbial “gota d’água” para provocar reação mais enérgica das instituições, o chefe do Executivo maranhense declarou que o limite já foi ultrapassado. “Não há mais o que acontecer, acho que o copo já transbordou. Ou seja, acho que o estágio, a fase é de encontrar qual a melhor saída. Nós estamos diante de um impasse. O presidente da República [está] em minoria, mas preserva algo em torno de 25% de apoio eleitoral. Isso não significa apoio para golpismo, são coisas diferentes”, disparou.
Dino classificou Bolsonaro de “presidente subversivo” e avaliou como “sinais de desgoverno” os atos antidemocráticos assistidos na terça-feira (7/9), durante as manifestações favoráveis ao governo. O governador teceu críticas às medidas incitadas pelo ocupante do Planalto. Afetado pela paralisação de caminhoneiros na BR-260 em Riachão, na entrada sul do estado, o agora integrante do PSB – para onde se transferiu depois de longa carreira no PCdoB – considerou haver “motivo e contexto” para um processo de afastamento do presidente da República.
“Além da possibilidade [do impeachment], a necessidade se torna ainda mais evidente. Neste momento em que estamos conversando, estamos vendo crise nos mercados, várias estradas federais bloqueadas, inclusive no meu estado, o estado do Maranhão, uma desatinada tentativa de invasão do Ministério da Saúde, em Brasília. Sinais, portanto, de desgoverno, de anomia. Daqui a pouco não haverá condições mínimas de funcionamento do Estado, do aparelho estatal do nosso país, abrangendo os demais Poderes. Eu acho que o parlamento, o Congresso deve adotar uma postura de defesa do país”, disparou.
Dino considera o Centrão como principal barreira à abertura de um processo de impeachment. Ainda assim, é um apoio que pode se descolar do Planalto num futuro próximo, avalia. “[Há] uma parte dos parlamentares atuando de modo muito alinhado ao governo, ainda em face da liberação de verbas, recursos, emendas. Isso é público e notório. O nível de colapso que vai se colocando comprometerá inclusive isto. Ou seja, aqueles que estão pensando que vão liberar emendas para suas bases, seus estados, prefeituras, etc, a esta altura caminham para uma imensa ilusão, tal é a disfuncionalidade que está posta. Então, eu vejo que é necessária uma reflexão ampla por parte desses partidos”, disse.
O governador também destacou um aparente isolamento de Bolsonaro entre os gestores estaduais, que não aderiram às manifestações do Dia da Independência. “A imensa maioria está onde sempre esteve, numa posição de trabalho, numa agenda de trabalho pelo país. E ao mesmo tempo uma postura muito crítica, porque o Bolsonaro não cultiva o chamado Pacto Federativo. Pelo contrário. Ele hostiliza os estados o tempo inteiro, então eu vejo muita indignação. É claro que os governadores têm um papel, nos seus estados, que às vezes dificulta que sejamos nós os vetores da solução.”, apontou, destacando que não houve relatos de indisciplina nas polícias estaduais.
O governador, que é pré-candidato ao Senado em 2022, também abordou o julgamento do Marco Temporal, retomado nessa quarta-feira (8/9) na Suprema Corte. “De um modo geral, há uma atitude errada de confrontação com os direitos dos povos originários. São temas que, mal geridos, poderão resultar inclusive em sanções ao Brasil na arena internacional. Creio que o equilíbrio e o bom-senso devem prevalecer. O STF já se pronunciou, corretamente, de fazer valer a autoridade da CF. Qualquer alteração vem em hora errada. Não é hora de mexer nisso”, pontuou Dino.
A candidatura de Flávio Dino ao Senado Federal é uma das pontas de um projeto eleitoral da esquerda. Segundo o governador, sua saída do PCdoB “não representa um adeus”, e a temporada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Nordeste “foi vitoriosa”. Neste cenário, porém, Ciro Gomes e o PDT, aliados históricos do PSB – e das vitórias de Dino ao governo maranhense, em 2014 e 2018 – ficam alijados nas articulações eleitorais para o pleito do ano que vem. O governador garante, porém, que ninguém está descartado.
“Não há uma definição de nomes; há uma definição de caminhos. Um caminho da maior eficácia para evitar a continuidade desse modelo de definição nacional. Sendo assim, vamos ver como as coisas se colocam sem romper diálogos. O PDT tem um papel fundamental, o Ciro também. Ele tem as razões dele para manter a candidatura, que nós devemos respeitar, porém eu espero que, no segundo turno, estejamos todos unidos. Eu acho que esse é o trabalho, o esforço ao qual o PSB tem de se dedicar”, explicou.
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