Começam as “excentricidades eleitorais” de Marina Silva
Em seu primeiro evento após ter sido oficializada candidata à Presidência da República, Marina Silva (Rede) classificou seus principais adversários de extremistas.
“Discursos extremistas que prometem saídas fáceis para uma crise complexa crescem na sociedade brasileira, alimentando-se de nossa insegurança e de nossa revolta. Já vimos esse filme antes e sabemos como ele acaba”, afirmou.
Num primeiro momento, Marina não especificou a quem se referia ao falar de extremos. Mas listou seus principais adversários ao ser questionada durante entrevista coletiva.
“Quando eu digo extremos que não respeitam a democracia e têm saudosismo da ditadura, eu estou me referindo ao candidato [Jair] Bolsonaro, sem sombra de dúvida. Quando eu digo que tem os extremos que não reconhecem os graves problemas de corrupção que têm atingido os grandes partidos, eu estou me referindo aos grandes partidos da polarização, PT, MDB, PSDB.”
A ex-senadora disse que o Brasil vive um momento de desesperança, acrescentando que interesses, privilégios e a corrupção sabotaram a vontade do povo.
A fala se deu nesta segunda-feira (6), durante uma sabatina promovida pela Coalizão pela Construção, formada por 26 entidades representativas desta indústria.
Marina começou sua fala fazendo críticas indiretas ao atual governo e a ex-presidentes. Ela disse que a palavra mudança será usada à exaustão durante a corrida presidencial. “Inclusive por muitos que criaram os problemas do presente”, afirmou.
Durante a entrevista, ela citou nominalmente o candidato do MDB ao Palácio do Planalto. “O [Henrique] Meirelles cumpre uma função nessas eleições porque, sendo candidato, existirão aqueles que mesmo estando no governo tentarão parecer que são outra coisa e não são.”
A candidata criticou a polarização entre PT e PSDB, enfatizou a Operação Lava Jato e apontou a corrupção como um dos principais entraves para o crescimento do Brasil. “Em meu governo a Lava Jato não será sabotada”, disse.
PROPOSTAS
Sem fazer detalhamentos, Marina prometeu à plateia de empresários fazer a lição de casa e diminuir o gasto público para que o governo recupere a capacidade de recuperação. Ela listou como prioridades as reformas tributária e da Previdência.
Defendeu ainda uma parceria entre o poder público e o privado e afirmou que não se deve falar em estado máximo ou mínimo, mas sim no necessário.
Em aceno ao setor de construção, a candidata prometeu fazer aperfeiçoamentos na área de licenciamento ambiental.
“Com certeza [licenciamento ambiental] deve ser aperfeiçoado para ganhar agilidade. No entanto, não se pode confundir agilidade com perda de qualidade.”
Ela prometeu, se eleita, buscar formas de ampliar o crédito imobiliário por meio da diversificação de oferta.
“Temos de fato concentração em dois bancos públicos e dois privados, mas, se combinarmos diversificação com novos entrantes e com cadastro positivo, sabendo quem são os bons pagadores, poderá haver acesso ao crédito que não é nas condições como hoje.”
ABORTO
Questionada sobre a questão do aborto, tema que está na pauta do STF (Supremo Tribunal Federal), a candidata disse que concorda com as regras atuais, em que é permitido à mulher abortar em caso de ter sido vítima de estupro, em que sua vida for colocada em risco pela gravidez ou de feto anencéfalo.
“A ampliação deve ser mediante plebiscito. O Congresso, mesmo tendo representatividade, não deve fazê-lo [ampliar permissões para aborto], muito menos a Justiça. A Justiça não pode substituir o Legislativo”, afirmou.
O STF deu início na última sexta-feira (3) a audiências públicas que tratam da descriminalização do aborto.
O vice da ex-senadora, Eduardo Jorge (PV), já se declarou pró-aborto, posição diferente da de Marina, que defende a realização de um plebiscito sobre o tema.
Com informações da folha de S. Paulo.